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O PT de Londrina, no Norte do estado, desistiu nesta quinta de levar para o Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações sobre as denúncias de uso de caixa dois na campanha do prefeito Nedson Micheleti à reeleição, marcando uma guinada na sua estratégia de defesa. Na véspera os advogados contratados pelo partido tentaram suspender a tramitação alegando que pelo fato de as declarações da ex-assessora financeira Soraya Garcia apontarem suposta participação do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o foro adequado seria o Supremo.

O discurso na quarta-feira era diferente. "O PT de Londrina deve satisfações à sociedade londrinense", declarou o ex-procurador da Câmara Municipal e advogado criminalista João dos Santos Gomes Filho, contratado ontem pela manhã para assumir a defesa do partido. Ele defendeu que as investigações e o processo judicial sejam mantidos em Londrina.

O anúncio da mudança de estratégia foi feito durante uma entrevista coletiva concedida pelo deputado e presidente estadual do PT, André Vargas, o secretário de Gestão Pública, Jacks Dias, e o diretor de Marketing da Sercomtel, Francisco Moreno, respectivamente presidente e tesoureiro do PT de Londrina e responsáveis pela campanha de Nedson. Gomes Filho também participou da coletiva e foi apresentado como novo titular da causa.

Intervenção

A contratação do novo advogado e o envolvimento pessoal de Vargas na coordenação da estratégia de defesa do PT marcam uma guinada na forma de atuação do partido. O deputado negou que haja uma "intervenção branca", mas ele capitaneou a entrevista coletiva e deu o tom do discurso petista, que no campo jurídico se sustentou na presunção de inocência (a pessoa só é considerada culpada quando condenada em todas as instâncias) e na política, na tese de que haveria linchamento sumário do PT na imprensa, com a apresentação de falas de promotores e delegados da PF como fatos julgados. Junto com a entrada de Vargas em campo, as sinalizações de descontentamento do ministro Paulo Bernardo com a estratégia adotada pela defesa colaboraram para a mudança de rota. Bernardo demonstrou irritação a interlocutores por não ter sido consultado antes de ter o nome usado como pretexto para que o processo fosse para o STF. Embora as reclamações de Bernardo não tenham sido admitidas como justificativa para a mudança de rumo, ontem o ministro tomou café da manhã com o prefeito Nedson, que cumpria agenda em Brasília.

Passos

Gomes Filho deve coordenar o trabalho jurídico. Segundo a direção do PT, os advogados que atuavam no caso até o momento continuam na defesa, só que sob a coordenação do ex-procurador. O advogado disse que seu primeiro passo é pedir vistas do depoimento de Soraya à PF e do material apreendido. "A imprensa sabe antes do que está acontecendo. Queremos pelo menos saber junto com a imprensa", justificou o advogado. Ele disse que também pretende interpelar a ex-assessora financeira da campanha do PT, para que ela se explique sobre o teor de suas denúncias. "Não vou intimidar (Soraya), ela tem um papel que ela acredita ser importante", amenizou. Além da invocação da presunção de inocência, a nova estratégia do PT conta com o auxílio de uma auditoria que será feita pelo contador Ranulfo Santana de Castro – que durante a campanha foi consultado por Francisco Moreno para organizar a prestação de contas. Castro afirmou que primeiro precisa avaliar as declarações de Soraya e os documentos apreendidos pela PF para depois analisar as contas.

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