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Brasília – A coalizão desejada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os partidos aliados tem hoje como principal entrave sua própria legenda, o PT. Os movimentos deflagrados pelos petistas para eleger o deputado Arlindo Chinaglia (SP) como próximo presidente da Câmara dos Deputados já provocam desconforto até entre fiéis companheiros de Lula, como PC do B e PSB. Colocam também setores importantes do PMDB em estado de alerta e não entusiasmam integrantes de PP, PTB, PR (antigo PL) e PRB, alvos preferenciais da coalizão planejada pelo governo para 2007.

O lançamento da candidatura de Chinaglia contra a reeleição de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para o comando da Câmara atrapalhou tanto o projeto de coalizão que hoje o presidente da Câmara vive uma situação inusitada. Embora Lula torça por sua recondução ao cargo, os principais fiadores de sua candidatura passaram a ser PSDB e PFL, os dois maiores partidos de oposição.

"Só esse governo consegue a façanha de apoiar um candidato que precisa dos votos da oposição para se eleger porque não recebe apoio do partido do presidente", ironiza o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

O sinal mais evidente de que a coalizão começou a naufragar foi exibido na votação da última de quarta-feira (6) que indicou o novo representante da Câmara no Tribunal de Contas da União (TCU). O PT trabalhou para eleger o deputado Paulo Delgado (MG). Seus líderes mais influentes negociaram acordo com os partidos aliados e acabaram sendo surpreendidos pela vitória do pefelista Aroldo Cedraz (BA).

Pior ainda foi constatar a diferença de votos em favor de Cedraz O pefelista teve 172 votos contra 148 de Delgado. Depois de fazer um mapa informal de votação, o próprio líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), reconheceu que de 100 a 110 deputados da base não apoiaram Delgado. E admitiu que isso pode impedir a eleição de Chinaglia. "A eleição para o TCU mostrou um problema real que precisamos enfrentar", afirma.

Com esse cenário, o processo de sucessão para o comando da Câmara e do Senado caminha para mais uma disputa fratricida, como a de 2004, quando os petistas se dividiram e tiveram duas candidaturas – a oficial, de Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e a alternativa, com Virgílio Guimarães (MG). Com os votos divididos Greenhalgh teve de ir para um segundo turno contra o azarão Severino Cavalcanti (PP-PE). Foi a senha para os parlamentares insatisfeitos com o governo despejarem seus votos em Severino, dando-lhe a vitória.

Agora, a própria oposição não vê hipótese de a história se repetir. "Não há clima para eleição de outro Severino. Mas acho pouco provável que o PT consiga eleger seu candidato. E a oposição nem precisa trabalhar muito com o governo e o PT cometendo tantos erros políticos", avalia Maia.

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