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No jargão jornalístico, "furo" é a notícia inédita, divulgada em primeira mão, antes dos concorrentes. Trata-se de um ingrediente precioso ao jornalismo, porque incentiva o repórter na busca por informações exclusivas e relevantes, e a ir a fundo nos temas que cobre. Mas quanto vale um "furo"?

O relatório das investigações sobre o PCC, vazado pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo SBT, custou caro demais. As forças de segurança monitoravam os líderes da facção ainda em liberdade e esperavam concluir o "serviço" com a prisão de todos eles. Seria um duro golpe no crime organizado. Ficou no quase. O "furo" inconsequente pôs tudo a perder.

E não foi só isso. A divulgação implicou desperdício de dinheiro público. Jogou por água abaixo os esforços da elite de três instituições, em semanas de grampos, monitoramentos e campanas. Não teria sido melhor noticiar em primeira mão a prisão dos investigados?

O caso explicita a (ir)responsabilidade dos jornalistas, em posse da informação. A ânsia pelo "furo" não pode se sobrepor ao interesse público. Questionar-se sobre os impactos do que divulga deve ser um exercício diário da nossa profissão.

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