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Renato lembra que locais de maior densidade vivem em estilo menos sustentável | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Renato lembra que locais de maior densidade vivem em estilo menos sustentável| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Classificação

Confira alguns dos critérios estabelecidos pelo Cenacid para considerar as ocorrências como significativas. Para ser tabulado, o acidente precisa se enquadrar em um desses fatores:

- Quando o acidente gerou prejuízos superiores a R$ 1 milhão. Para se chegar a esse número, pode se basear apenas no acidente ou em suas consequências. Exemplo: a queda da ponte sobre o Rio Capivari causou inúmeros prejuízos por interditar a principal ligação entre as regiões Sul e Sudeste.

- O desastre resultou na morte de ao menos uma pessoa.

- No caso de falhas humanas, uma pessoa é considerada responsável pela ocorrência ou um profissional que não teve a capacidade de prever possíveis incidentes.

- Quando uma tragédia é tão noticiada pela mídia que causa comoção da população, exigindo certos esclarecimentos.

- Mesmo que o impacto ambiental pareça pequeno, um desastre pode causar impactos |incalculáveis ao meio ambiente.

  • PR, SP, RJ e MG concentraram 56,5% dos acidentes ambientais em 2009

O quadrilátero formado por Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentrou 56% dos desastres ambientais significativos ocorridos no país em 2009. Ao todo, o Brasil teve 205 acidentes que causaram 444 mortes e afetaram 1,9 milhão de pessoas, cerca de 1% da população. Entre as tragédias mais comuns estão as inundações, tempestades e deslizamentos de terra, que somam quase 80% das ocorrências. Os números são do banco de dados de acidentes significativos do Centro de Apoio Científico (Cenacid) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Eles serão apresentados hoje, no Dia Internacional de Redução de Desastres, comemorado em um evento para discutir o tema.

Não por acaso, os estados mais desenvolvidos e, por consequência, com maior densidade populacional, registram o maior número de ocorrências, segundo o coordenador do Cenacid, Renato Eugenio de Lima. "Os locais de maior densidade vivem em um estilo menos sustentável, havendo ocupação de áreas perigosas e interferindo na natureza", explica.

Nem mesmo os gastos em prevenção são sinônimo de segurança, pois desastres em geral se relacionam com o imponderável. "Caso a lógica do investimento fosse verdadeira, o Brasil teria diminuído as ocorrências", diz. De 2006 para 2009, os gastos autorizados pelo governo federal para evitar tragédias naturais cresceram quase cinco vezes. Em 2006, os recursos com esse destino foram na ordem de R$ 110 milhões; saltaram para R$ 262 milhões em 2007; alcançaram R$ 616 milhões em 2008; no ano passado, o total foi de R$ 646 milhões. No entanto, o país registrou, em 2007, cerca de 150 acidentes, frente aos 250 de 2009.

Na avaliação de Lima, a prevenção é responsabilidade de vários setores: governos municipal, estadual e federal, além de órgãos independentes como o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). Com diferentes ações, cada um colabora para evitar tragédias. No momento, um dos focos do Brasil deve ser a preparação de resposta às tragédias, concentrada na Defesa Civil. "Sou favorável a prevenção de desastres, mas é impossível evitar a todos. Por isso, deve haver investimento na preparação", diz.

Além do gasto, é fundamental entender o fenômeno enfrentado, orientando as atitudes que devem ser tomadas. "A falta dessa compreensão é uma ameaça. Em Santa Catarina, bombeiros morreram em deslizamentos de terra", diz.

Com cerca de 70 cientistas da UFPR e profissionais de outras sete universidades conveniadas, o Cenacid já esteve em aproximadamente 26 missões desde os anos 2000, incluindo enchentes, terremotos, explosões de navio e deslizamentos de terra. Todas as ações, contudo, têm ênfase ambiental, uma das diretrizes do centro. Uma última ação de maior relevância foi o terremoto no Haiti, em janeiro deste ano. Ela foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas por meio do prêmio The Green Star Award, pela excelência em prevenção, preparação e resposta aos desastres ambientais.

Serviço:

O Dia Internacional de Redução de Desastres tem palestras, mesas redondas e conferências. O evento começa às 10 horas, no prédio da administração da UFPR, no Centro Politécnico (Av Cel Francisco H dos Santos, s/n). Mais informações pelo site www.cenacid.ufpr.br.

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