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Um carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem, de Santos, no litoral de São Paulo, pegou fogo no sambódromo da cidade e matou ao menos quatro pessoas, por volta da 1h20 desta terça-feira (12), de acordo com os bombeiros. O desfile das escolas de samba foi suspenso.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o último carro alegórico da escola de samba pegou fogo após bater na fiação da rede elétrica na área de dispersão do sambódromo. Três pessoas que empurravam o carro morreram no local.

A promotora de vendas Mirela Diniz Garcia, 19, que acompanhava o desfile na calçada com a família, morreu no hospital após ser atingida pelo carro alegórico em frente de casa. "Minha filha morreu como uma heroína salvando a filha de três anos que estava próximo do carro", disse a dona de casa Silvia Diniz Garcia, de 45 anos.

Segundo Silvia, o carro alegórico fez uma curva muito fechada na rua em uma área com desnível e perdeu o controle, atingindo os fios de eletricidade. "Esta não é a primeira vez que ocorrem acidentes aqui, já aconteceu de carros baterem na luminária do poste em carnavais passados", reclama.

Ao menos outras seis pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas a hospitais da região, mas não foi informado o estado de saúde delas. A Sangue Jovem faz parte da torcida organizada do Santos Futebol Clube.

Uma das vítimas que morreram no local do acidente é o desempregado Leandro Monteiro, que completou 27 anos hoje. Ele deixa cinco filhos e a mulher.

Segundo Rosangela Monteiro, 25, o irmão foi empurrar o carro para conseguir dinheiro para fazer a festa de aniversário. "Com o choque meu irmão ficou travado, não conseguiu soltar o carro e se ajoelhou",diz chorando.

Inconformada a mulher de Monteiro, a dona de casa Jaqueline Dias Cardoso, 27, gritava que preferia que o marido estivesse em casa na hora do desfile. "Eu falei para ele não ir, mas ele disse que era um dinheiro a mais. Ele foi neste maldito lugar e deixou eu os filhos dele", disse chorando.

Segundo Jaqueline, que identificou o corpo do marido no Instituto Médico Legal (IML), ele estava com uma mancha de queimadura no rosto, a região próxima à virilha e bermuda. "Eu quero o Leandro", falava chorando.

Enquanto Jaqueline esperava no IML, recebeu a ligação da Sangue Jovem oferecendo ajuda financeira para o enterro do marido. "A gente tem cinco filhos, não tenho condições de pagar o enterro, vou aceitar a ajuda", disse Jaqueline.

O prefeito Paulo Alexandre Barbosa, em entrevista à TV Tribuna, disse não há clima para nenhum tipo de festa. Segundo Barbosa, o ambiente é de extrema tristeza e agora o foco é atender os feridos e as famílias das vítimas.

Por pouco

O desempregado Fábio Cesar Silva de Moraes, 28, que recebeu R$ 40 para empurrar o carro alegórico, escapou do acidente por questão de minutos.

Moraes havia ido ver um carro de outra escola e quando retornou entrou em choque ao ver os dois irmãos e cinco colegas atingidos pela descarga elétrica dentro de ambulâncias. "Acho que foi Deus, eu nasci de novo", disse.

Outro lado

O diretor de Relações Públicas da escola Sangue Jovem, Alexandre Cruz da Cunha, negou que o carro tivesse problemas estruturais.

Segundo Cunha, a escola está auxiliando as famílias e aguarda a identificação do último corpo para localizar a família e prestar assistência.

"Com o acidente, toda a estrutura do Carnaval terá que ser repensada", disse.

Outro caso

Em 2011, 16 pessoas morreram durante as festas pré-carnaval de Bandeira do Sul (430 km de Belo Horizonte) após um trio elétrico ser atingido por uma corrente elétrica. A perícia apontou que o lançamento de serpentina metalizada na rede elétrica gerou um curto-circuito, provocando o rompimento de cabos de alta tensão numa rua lotada de foliões.

Além das mortes, o acidente deixou outras 50 pessoas feridas. Após a tragédia, várias cidades do estado aprovaram decretos proibindo a venda da serpentina metalizada.

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