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Interior

Sete de 23 áreas tiveram aumento de casos

O relatório da Sesp mostra que nos primeiros seis meses de 2014 houve aumento no número de homicídios em sete das 23 Áreas Integradas de Segurança Pública do Estado. Além de Curitiba, o indicador subiu bastante nas regiões de Telêmaco Borba (35%), Umuarama (29%), Londrina (19%) e Paranavaí (13%).

Já as áreas integradas que englobam as cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e as do Litoral houve queda de, respectivamente, 6% e 17%. Ainda assim, isoladamente, duas das cidades da RMC estão entre as que possuem os maiores números de homicídios dolosos: Colombo (onde os casos subiram de 38 para 57) e São José dos Pinhais ( com aumento de 54 para 58 casos).

O delegado-chefe da Divisão do Interior, Rogério Lopes, afirma que o trabalho para reduzir os crimes no interior do estado deve se intensificar. "Um fator que contribui para a redução dos homicídios é a solução dos casos. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, de 50% a 80% dos casos são resolvidos. Isso serve como caráter pedagógico para impedir o crime", afirma.

Ele também afirma que ações em parceria com a Polícia Civil e Polícia Militar para retirar armas de fogo ilegais de circulação provocam queda na taxa de assassinatos. "Essa é uma ação que reduz a criminalidade", exemplifica.

O índice de homicídios dolosos (com intenção de matar) no Paraná está estagnado. Segundo dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública (Sesp) com três meses de atraso, o estado registrou 1.302 assassinatos no primeiro semestre de 2014, 1,6% a menos que no mesmo período do ano passado. Para os especialistas, esse pequeno recuo é irrelevante. Além disso, a taxa de homicídios dolosos está alta, em 23,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes, bem acima das 10 mortes violentas a cada 100 mil habitantes consideradas toleráveis pela Organização das Nações Unidas (ONU). "Isso leva a sociedade conviver com a cultura do medo e com o descrédito com os aparelhos de controle do estado. É preciso repensar o modelo para combater a violência", avalia o sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Cézar Bueno.

INFOGRÁFICO: Acompanhe o quadro geral de homicídios no Paraná

O secretário estadual da Segurança Pública, Leon Gru­penmacher, discorda. Para ele, a tendência de queda no indicador do Paraná se mantém. "Nas localidades em que houve alterações, já foi determinada a intensificação e um realinhamento nas ações das unidades policiais", disse, via assessoria de imprensa.

Curitiba foi uma das cidades que colaboraram para que o índice geral do estado não tivesse bom desempenho. De janeiro e junho deste ano em comparação ao mesmo período de 2013, a capital teve um aumento de 15,84% no número de homicídios dolosos (265 para 307 casos).

A delegada de Homicídios de Curitiba, Maritza Haisi, afirma que esse aumento na capital é um sinal de alerta. "Serve para revermos nossas ações. Foi Curitiba que puxou o índice do estado para cima", afirma. Na capital, dos seis bairros com maior índice quantitativo de homicídios dolosos cinco possuem Unidade Paraná Seguro (UPS) – apenas Pinheirinho não possui o programa. A CIC, por exemplo, possui cinco módulos de UPS e lidera a lista dos bairros da cidade com maior volume de assassinatos – 46 no primeiro semestre deste ano. No mesmo período de 2013, o bairro contabilizou 37 crimes desta natureza.

"A CIC possui cerca de 70 mil habitantes e a taxa está dentro da meta prevista. Em relação às UPS, no início elas tiveram um efeito mais impactante. Precisa-se de novas ações. Não é só policiamento que vai resolver isso, precisamos, por exemplo, de ações voltadas às famílias", diz a delegada.

Para Bueno, o fato de os bairros mais violentos de Curitiba continuarem a liderar as estatísticas é grave. "O programa [das UPS] não conseguiu reduzir o número de crimes fatais nessas localidades. São necessárias políticas sociais. Só repressão não vai mudar esse quadro", ressalta.

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