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Cultura

Ocupar o espaço público ajuda a diminuir a insegurança

Além da óbvia necessidade de reduzir ainda mais os homicídios, ações conjuntas, que envolvem Estado e população, precisam ser implementadas para mudar o quadro da sensação de insegurança no Paraná. Na avaliação da coordenadora de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, o tema da ocupação de espaços públicos precisa ser amplamente desenvolvido nas cidades.

"Espaços públicos abandonados geram sensação de insegurança. O poder público precisa retomar esses espaços e desenvolver programas de ocupação com atividades nas ruas", explica a especialista. Ela lembra que é necessário transformar praças e outros ambientes coletivos em locais amigáveis.

Carolina acredita que a convivência, a superação dos preconceitos e entender o diferente promovem a segurança. "Se eu vejo e acho que um grupo de jovens é baderneiro, mas começo a conviver e percebo que são apenas skatistas, que só andam de skate, perco o medo", exemplifica.

      Estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública, anunciadas na última quarta-feira, mostraram o menor número de homicídios no Paraná e em Curitiba desde 2007, quando a divulgação da série histórica começou. Em relação a 2009, ano de pico, a queda registrada foi de 21%. Esse recuo no número de assassinatos, no entanto, não contribuiu para reduzir a sensação de medo da população. Um levantamento exclusivo da Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo indica que 75% dos curitibanos sentem-se menos seguros hoje do que a há cinco anos atrás. A sensação de insegurança também é maior que a registrada no primeiro levantamento do instituto sobre o tema, em 2011 (71%).

      INFOGRÁFICO: Confira a taxa de homicídios no Paraná

      Os números da Paraná Pesquisas mostram ainda que 42% dos moradores de Curitiba consideram o estado muito violento e 46% entendem que o Paraná está na média dos demais estados brasileiros. Sobre Curitiba, 58% responderam que a cidade não é segura.

      Termômetro

      A taxa de homicídios é, tecnicamente, o principal indicador da violência nas cidades, mas não causa impacto direto na percepção das pessoas sobre segurança. É o que explica o membro do Fórum Brasileiro de Segurança e sociólogo Luís Flávio Sapori. Segundo ele, o crime que mais impacta nessa percepção é o roubo. "Não basta o governo comemorar a redução dos homicídios se, no dia a dia, as pessoas estão sendo assaltadas nos comércios, no transporte coletivo, nas ruas e nas suas residências", analisa. A avaliação do sociólogo faz sentido quando observadas as respostas de uma das perguntas do levantamento da Paraná Pesquisas: se o entrevistado ou alguém da família foi vítima de roubo, furto ou alguma outra violência nos primeiros dias deste ano – 13% afirmaram que sim. "É um dado muito expressivo. Mostra uma proporção bastante relevante que sofreu algum tipo de crime", atesta Sapori.

      Para a coordenadora de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, a discussão racional sobre o tema e a ampliação da divulgação de resultados positivos são os fatores que podem influenciar na sensação de segurança da população. Para ela, casos como as barbáries do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), e os vídeos do grito de guerra dos membros do PCC nos presídios paranaenses, divulgados nessa semana pela Gazeta do Povo, afetam a impressão, mas não são fatores que fazem crescer o medo de forma direta.

      Sapori também acredita que a repercussão dos crimes na mídia não é determinante para aumentar o medo. "É preciso menos propaganda e mais ação. Se o governo do estado continuar reduzindo os indicadores de violência, aos poucos, a população vai percebendo a melhora", opina.

      Paraná teve redução de 18% em homicídios

      Os homicídios caíram no Paraná pela segunda vez em três anos. Na última semana, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) apresentou a taxa de assassinatos, que chegou a 23,3 por 100 mil habitantes, o melhor índice desde 2007. Também foi a terceira vez consecutiva que os homicídios de Curitiba diminuíram. O ano passado terminou com 2.575 homicídios dolosos em todo estado, 18% a menos que em 2012.

      "Não existe uma estratégia principal. Além das UPSs, o reaparelhamento das polícias propiciou um incremento que resultou em prisões, apreensões. Todas as ações acabaram impactando na redução dos crimes", afirmou o secretário da Segurança, Cid Vasques, durante a divulgação dos números.

      Procurada para comentar o levantamento sobre a sensação de segurança da população, a Sesp não falou sobre a pesquisa, mas informou que o combate à criminalidade tem sido feito com ações efetivas. De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, o programa Paraná Seguro está colocando em prática a reestruturação e a modernização das polícias.

      Investimento

      Além disso, a nota da assessoria explica que foram incorporados 3.127 novos policiais em todo o Paraná. Mais 2.223 policiais militares e 210 bombeiros fazem o curso de formação, segundo o texto, além de lembrar que mais de mil viaturas foram compradas.

      A Sesp reforça ainda que implantou um novo conceito de policiamento comunitário com as Unidades Paraná Seguro (UPS). A secretaria informa que os números de crimes contra o patrimônio serão divulgados nas próximas duas semanas.

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