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Ruas parecem estradas de chão

As obras de implantação da Linha Verde estão sobrecarregando o tráfego de algumas vias secundárias em áreas da zona sul da cidade cortadas pela BR-476 – antigo trecho urbano da BR-116. Ruas de antipó que mal suportavam o fluxo normal de carros passaram a receber veículos pesados, como caminhões e ônibus.

"É uma confusão geral", queixa-se o presidente da Associação de Moradores da Vila São Pedro, Aloize Gogola. "As ruas transversais ao binário estão horríveis, esburacadas, remendadas... Parecem estradas de chão."

É o caso da Rua General Teodorico Guimarães, na Vila Fanny. Alguns trechos do antipó sumiram. A prefeitura iniciou os reparos cobrindo as falhas com brita, mas a poeira ainda incomoda os moradores. "É muito carro, os caminhões desviam da BR e até o ônibus da linha Bairro Novo está passando por aqui", observa o marceneiro José César da Silva.

Seu vizinho de rua Bruno Vitorino também reclama do excesso de tráfego em alguns horários. "É muito movimento, acaba levantando muita poeira por causa dos carros", conta.

Mais afastada do local das obras, a Rua José Manoel Voluz, no Pinheirinho, também sofre com a circulação de veículos pesados. "Aqui passa carreta, caminhão, ônibus", diz o cobrador Ronaldo Carlos dos Santos. "Não podia passar ôninus nessa rua sem fazer asfalto definitivo."

Gilberto Rigoni, dono de uma oficina de lataria e pintura na José Manoel Voluz, alerta para o risco de acidentes na via. "O carro que vai desviar de um buraco quase bate em outro", afirma.

Para o engenheiro e professor Djalma Martins Pereira, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a malha remanescente de antipó produz uma carga injusta para o contribuinte. "O pavimento se deteriora continuamente, exigindo reparos", diz. "É um dilema para o administrador: é preciso restringir a malha de antipó, mas isso demanda recursos. A troca por pavimento mais robusto é feita gradativamente."

O engenheiro lembra que a escolha do pavimento ideal deve levar em conta dois fatores: o tipo de tráfego da via e o terreno de fundação sobre o qual o pavimento está apoiado. "No aspecto geológico, Curitiba não é muito feliz", explica. "Seus terrenos sedimentares são mais sensíveis à água e têm baixa capacidade de suporte, exigindo a remoção de camadas de solo e troca por materiais como o saibro." Em Londrina e Maringá, por exemplo, gasta-se menos com pavimentação porque o solo vermelho oferece maior sustentação.

Djalma lembra que o antipó surgiu numa época distante, quando muitas linhas de ônibus atuais ainda não existiam. "O antipó tem uma durabilidade limitada: qualquer chuva detona o aparecimento de buracos e deformações", afirma.

Asfalto x concreto

Quando se discute o melhor tipo de pavimento, o engenheiro não tem dúvidas quanto à superioridade do concreto, desde que a obra seja bem executada. "A diferença do custo inicial em relação ao asfalto caiu muito nos últimos dez anos", ressalta. "O concreto é mais vantajoso em médio prazo devido ao menor custo de conservação."

Segundo o engenheiro, em algumas circunstâncias o concreto é "insubstituível". É o caso dos locais de frenagem e permanência de cargas paradas, tais como pátio de manobras de aeroportos, cabines de pedágio, pontos de parada do transporte coletivo e semáforos nas canaletas de ônibus.

O problema do concreto é o eventual desconforto causado aos motoristas. Por ser um pavimento rígido, ele precisa de juntas de dilatação e retração que, se não forem bem feitas, podem provocar solavancos. (AS)

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