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Competição entre Curitiba e Londrina? Nada disso. Para o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, a disputa entre a maior cidade do Norte do Paraná e a capital ficou no passado. O presente exige trabalho integrado entre todos os municípios. É esse espírito que move o projeto Arco Norte, por exemplo, que Micheleti vai apresentar na segunda etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na quarta-feira, 27. A idéia é planejar de forma integrada o desenvolvimento de Londrina, Apucarana, Cambé, Arapongas e Rolândia, municípios que somam 700 mil habitantes e hoje constituem, na prática, uma só área urbana. "Não se pode mais falar em disputas", afirma Micheleti. "Quem quer resultados tem de trabalhar em conjunto."

Gazeta do Povo – Ainda existe concorrência entre Londrina e Curitiba ou já virou folclore?

Nedson Micheleti – Isso é um fato do passado. Hoje nós trabalhamos em parceria com o governo do estado, que tem feito grandes investimentos em Londrina nas áreas de saneamento, saúde, educação. O fortalecimento do Paraná como um todo traz benefícios para todos os paranaenses.

– Como anda a implementação da Região Metropolitana de Londrina, criada em 1998? Ainda hoje se ouvem queixas de que a RML não saiu do papel.

– Estamos trabalhando com uma outra estratégia, que é a formação de Consórcios Públicos, cuja lei foi aprovada neste ano. Essa nova legislação permite a cooperação entre municípios, para a busca do desenvolvimento regional e a atuação conjunta entre as cidades em áreas de saúde, manejo de resíduos sólidos, educação, transporte e saneamento, por exemplo. Dessa forma, as soluções podem ser implementadas conjuntamente entre os municípios, para melhorar as condições de infra-estrutura e a qualidade de vida nessas cidades. Temos um projeto já em estudo e discussão com municípios vizinhos a Londrina, que é o Arco Norte. Londrina vem se expandindo para o lado sul do município, onde faz divisa com Apucarana, Arapongas, Rolândia e Cambé. A intenção é criar novas ligações viárias com essas cidades, integrando-as e desenvolvendo políticas conjuntas nos setores industriais e de infra-estrutura. Nessa área compreendida pelo Arco Norte, pode ser instalado, no futuro, o aeroporto de cargas, atendendo todos esses municípios.

– Nas últimas décadas, ocorreu em todo o Paraná um aumento da demanda por serviços sociais nas grandes cidades, em decorrência da emigração das cidades pequenas. Os postos de saúde de Curitiba, por exemplo, atendem moradores da região metropolitana. Ocorre essa mesma situação em Londrina? Como a prefeitura lida com essa situação?

– Londrina, como pólo regional e centro de excelência na saúde básica e também de alta complexidade na medicina, recebe uma grande demanda de atendimento de pacientes de municípios vizinhos e também de outros estados. Também na área de educação, Londrina concentra uma rede de ensino superior que igualmente recebe estudantes das mais variadas regiões do estado e de todo o país. Na área de saúde, a prefeitura de Londrina já trabalha com um consórcio intermunicipal de saúde, para marcação de consultas de especialidades, central de leitos e outros procedimentos.

– Em sua avaliação, quais são as vantagens, tanto econômicas como sociais, que ajudam Londrina no caminho para o desenvolvimento? De outro lado, o que atrapalha e precisa ser corrigido?

– A política de desenvolvimento do município não procura definir uma vocação específica para Londrina, mas trabalhar pela diversificação. No entanto, um setor que ganha cada vez mais espaço é o da ciência e tecnologia. Londrina é a sede da Embrapa/Soja, de onde saíram as pesquisas e tecnologias que possibilitaram a abertura de novas fronteiras para o cultivo da soja. Londrina tem o Iapar, que também desenvolve pesquisas para o agronegócio. Como centro universitário, com destaque para a UEL, a cidade produz ciência. A instalação do Parque Tecnológico, já em obras, para abrigar o moderno Complexo de Laboratórios do Impe/Inmetro, e a possível instalação de um câmpus do Cefet, vão abrir novas perspectivas para o setor de pesquisas. A grande correção necessária é o planejamento de Londrina para as próximas décadas. E nesse ponto a prefeitura está iniciando a discussão do Plano Diretor, com a intenção de ampliar o debate para os municípios da região. O objetivo é buscar soluções integradas na infra-estrutura e planejar o desenvolvimento conjunto. Não adianta estabelecer disputas com as cidades da região, o que devemos buscar é o trabalho conjunto, oferecendo serviços de qualidade para toda a população metropolitana.

– Como um evento como o Fórum Futuro 10 Paraná pode ajudar Londrina, a região, o estado a encontrar o caminho para o desenvolvimento?

– É uma proposta que vem ao encontro ao que pensamos. Buscar caminhos integrados, envolver poder público e toda a sociedade no diagnóstico das potencialidades, trabalhar em conjunto pelo desenvolvimento sustentado e harmônico das macroregiões e de todo o Paraná. É uma iniciativa com capacidade de aproximar as lideranças políticas, empresariais, comunitárias, científicas e de todos os outros segmentos, na elaboração de uma grande proposta para o futuro do nosso estado.

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