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Curitiba – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito e nos próximos dias ele já começa a articular a equipe de governo que vai ajudá-lo a comandar o país por mais quatro anos. Por não ter uma base aliada em número suficiente no Congresso – fundamental para aprovar seus projetos – Lula terá que ser um bom negociador e conseguir atrair, principalmente, o PMDB. O partido tem a maior bancada na Câmara e a segunda no Senado e será decisivo para a governabilidade do país. O problema é que o PMDB não possui uma liderança nacional que faça o partido participar integralmente apoiando ou se opondo ao governo federal. Alas dentro do PMDB já estavam com Lula na primeira gestão. Outros grupos apoiaram Geraldo Alckmin (PSDB), inclusive o presidente nacional do partido, Michel Temer, na eleição deste ano.

O presidente já definiu que vai procurar os presidentes dos partidos que o apóiam para compor seu próximo governo. No caso do PMDB, como a legenda está dividida, o presidente deve tratar com uma comissão formada por peemedebistas.

Atraído pela perspectiva de ser beneficiado em um segundo mandato de Lula, o PMDB caminha para aprovar a adesão formal ao governo 15 dias após a eleição. Michel Temer vai convocar uma reunião do conselho político do PMDB para a segunda semana de novembro. Em pauta estará o apoio ou oposição a quem vencer a eleição. A tendência é formalizar a adesão a Lula, caso se confirme sua reeleição.

As lideranças governistas do partido já se articulam para atrair, inclusive com cargos, uma parte dos que estiveram no palanque de Geraldo Alckmin. Segundo cálculos dos lulistas, os peemedebistas com os quais não é possível nenhum tipo de conversa seriam no máximo 20% do partido.

A adesão de Temer é considerada fundamental. O presidente do partido diz que só trata de apoio ao governo a partir de segunda-feira. Mas sua disposição de chamar uma reunião do conselho político, instância que reúne os governadores atuais e eleitos, cuja tendência é pró-Lula, é vista como uma demonstração de que ele se encaixa entre os alckmistas com os quais é possível trabalhar.

Ao contrário de 2002, quando a maior parte dos integrantes do primeiro escalão do governo era de petistas, o presidente parece disposto a abrir espaço para partidos aliados ou para pessoas com influência para ajudá-lo a tocar seus projetos.

No trabalho de articulação para o segundo mandato, dois nomes devem ter "voz forte" na escolha dos nomes para os escalões do governo: Dilma Rousseff e Tarso Genro. A ministra da Casa Civil assumiu a pasta depois do afastamento de José Dirceu, ex-homem-forte de Lula e responsável pela articulação de apoios ao governo. Dirceu caiu por causa do escândalo do mensalão – pagamento de propina a deputados em troca de voto favorável ao Executivo.

Genro, que foi ministro da Educação e atualmente ocupava o Ministério das Relações Institucionais, foi o porta-voz da campanha do presidente. Genro foi o homem que defendia o presidente e partia para o ataque contra os adversários de Lula.

Outro nome forte é Marco Aurélio Garcia. Ele assumiu a coordenação da campanha de Lula, no lugar de Ricardo Berzoini, depois da crise do dossiê contra os tucanos. Garcia colocou a campanha nos trilhos e conseguiu reverter o quadro defensivo que se encontrava o PT. Depois que assumiu, a estratégia foi partir para cima do PSDB e acuar o adversário.

No segundo turno, Geraldo Alckmin passou boa parte dos programas eleitorais tentando mostrar que não iria privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal nem acabar com o Bolsa-Família. O tucano não conseguiu reverter o quadro e perdeu a liderança até em estados que venceu no primeiro turno.

Nomes fortes no início do primeiro mandato de Lula hoje aparecem como cartas fora do baralho. Luiz Gushiken, Antônio Palocci, Berzoini e Dirceu aparentemente não dão mais palpites na forma de governar do presidente. Agora quem dá as cartas são Dilma, Tarso, Garcia e Gilberto Carvalho.

NA MANGA

Gilberto CarvalhoNatural de Londrina e com 53 anos, Carvalho é o chefe de gabinete da Presidência da República. Ninguém chega à sala de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto, em Brasília, sem passar pelo paranaense. Na arquitetura do poder, Carvalho é o homem da ante-sala de quem manda no país. Carvalho entrou para o PT em 1984. Foi presidente do partido no Paraná. Começou a carreira política trabalhando em favelas de Curitiba.

Marco Aurélio GarciaO coordenador da campanha eleitoral de Lula à reeleição e vice-presidente do PT é gaúcho de Porto Alegre (RS) e tem 65 anos. Garcia foi assessor-chefe da Assessoria Especial do presidente da República. Em 1980, ajudou a fundar o PT. Desde a criação do partido tem sido o conselheiro de assuntos internacionais. Substituiu Ricardo Berzoini no comando da campanha de Lula e conseguiu reverter a queda nas intenções de votos do presidente.

Tarso GenroGaúcho de São Borja (RS), o ministro das Relações Institucionais começou sua carreira política em 1968, como vereador – pelo antigo MDB –, de Santa Maria (RS). Foi vice-prefeito e prefeito de Porto Alegre e ministro da Educação de Lula. Tarso, que tem 59 anos, foi responsável pela criação do Prouni, programa para criar vagas públicas nas universidades particulares. O programa é uma das principais bandeiras do governo Lula.

Dilma RousseffMineira de Belo Horizonte (MG), a ministra da Casa Civil tem 58 anos e é formada em Economia, com doutorado em Teoria Econômica. Dilma foi guerrilheira e enfrentou a ditadura militar. Foi presa entre 1970 e 1973, quando foi torturada. Entrou no PT em 2001. Era filiada ao PDT. A escolha da ministra para o lugar de José Dirceu na Casa Civil foi mais técnica e menos políticos. Dilma é tida como boa gerente no governo e ganhou a confiança de Lula pelo perfil trabalhador e discreto. Durante as crises enfrentadas pelo governo defendeu a expulsão dos envolvidos do partido.

FORA DO BARALHO

José DirceuMineiro de Passa Quatro (MG), mas com base política em São Paulo, o ex-ministro de 60 anos foi o homem-forte no início do governo Lula. Foi afastado da Casa Civil por causa do suposto envolvimento no escândalo do mensalão. Dirceu foi deputado federal e presidente do PT. Durante a ditadura militar, Dirceu foi preso e exilou-se em Cuba. Voltou ao Brasil com identidade falsa e viveu no Paraná. Foi um dos fundadores do PT.

Luiz GushikenO paulista de Osvaldo Cruz foi chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Envolvido nas denúncias de corrupção do mensalão, Gushiken foi afastado do cargo. O ex-deputado federal de 56 anos continuou no governo como chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência. Foi um dos principais interlocutores de Lula, mas perdeu o poder.

Antônio PalocciO ex-ministro da Fazenda caiu por causa do envolvimento no escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O caseiro afirmou à CPI dos Bingos que Palocci fez várias visitas à mansão alugada por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto, em Brasília. Paulista de Cosmorama (SP) e com 46 anos, Palocci comandou com dureza a economia do país.

Foi eleito deputado federal por São Paulo.

Ricardo BerzoiniMineiro de Juiz de Fora, Berzoini tem 46 anos e sempre foi o homem escolhido para arrumar a casa nos momentos difíceis do partido e também do governo. Foi eleito presidente do PT para tentar apaziguar a crise que tomou conta do partido com as denúncias do mensalão. Berzoini foi escolhido para comandar a campanha à reeleição de Lula, mas caiu em descrédito devido à crise do dossiê. Foi reeleito deputado federal pelo PT paulista.

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