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Proteção e cuidados diários ajudam no combate de problemas de pele causados pela radiação solar, segundo dermatologista | Walter Fernandes/Gazeta Maringá
Proteção e cuidados diários ajudam no combate de problemas de pele causados pela radiação solar, segundo dermatologista| Foto: Walter Fernandes/Gazeta Maringá

Proteção é melhor combate à radiação ultravioleta

A dermatologista Fabiola Tasca explica que para uma proteção eficaz é preciso aplicar, pelo menos três vezes ao dia, porções generosas de filtro solar. "O ideal é aplicar uma colher rasa de chá na região das mãos e rosto. Nas áreas maiores, como braços e pernas, essa porção aumenta para duas a três colheres de chá por região."

Além do uso contínuo do filtro solar, pessoas que se expõem ao sol com maior freqüência precisam aderir ao uso de chapéu, camisas longas e óculos de sol. "Não pode brincar de se proteger. É um cuidado que precisa ser feito todo dia, sem exceção."

A médica afirma que há opções de protetores eficientes que variam de R$ 15 a R$ 200 nas farmácias de todo o Brasil. Além disso, existem opções das mais variáveis texturas que vão do mousse, gel e creme ao pó. "Com tantas opções não tem como uma pessoa não se adaptar a um tipo de protetor. Não tem desculpa."Na hora de escolher o filtro, a médica ensina que é preciso conferir se há especificação sobre proteção contra raios UVA na embalagem, principal responsável pelo câncer de pele, com fator mínimo 30.

Alta incidência de raios ultravioletas é causada pelo buraco na camada de ozônio?

Apesar da alta incidência da radiação ser comumente associada à destruição da camada de ozônio, a pesquisadora Simone Sidevert esclarece que, ainda, este problema não foi comprovado sob o território brasileiro.

De acordo com estudos internacionais, o buraco está sob as calotas polares, especialmente sob a Antártica, como alertou a Nasa já na década de 1970. "A alta incidência dos raios UVs no Brasil é uma característica típica de países tropicais como o nosso. A radiação fica ainda mais elevada no verão, o que é normal", explica a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Simone ensina ainda que quanto maior a altitude maior o índice de incidência solar. "Na região andina do Peru o índice chega a 16. Isso não quer dizer que haja um buraco sob a região, mas que se trata de um território mais alto que o nosso, por exemplo."

  • Quanto maior índice de radiação, maior risco de danos e problemas cutâneos, segundo o Inpe
  • Com a alta incidência de raios ultravioletas cuidados com a pele devem ser ainda maiores

No mês de dezembro deste ano, a incidência média de raios ultravioletas na região Noroeste, e em todo o estado do Paraná, foi classificada com o índice 14, considerado de radiação extrema em uma escala que varia de 1 a 16. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, esse índice aponta o nível de radiação solar presente na superfície da Terra. Quanto maior a taxa de radiação, maior o risco de danos e doenças cutâneas, como o câncer de pele.

A pesquisadora do Inpe Simone Sidevert explica que o índice é o mais alto já registrado no Paraná desde 2005, quando o Instituto iniciou o monitoramento da radiação ultravioleta por meio de satélites. A alta da incidência dos raios é percebida, também, nos consultórios médicos. A dermatologista Fabiola Tasca afirma que casos de manchas e queimaduras causadas pelo sol aumentaram recentemente. "Atendo há uma década e este ano o número de pacientes com problemas relacionados à exposição ao sol aumentou significativamente."

Segundo a médica, a falta de conscientização sobre a proteção diária é a principal causa de doenças. "As pessoas ainda acham que o uso do protetor só é necessário na praia ou na piscina. O que não é verdade." Fabiola defende que o filtro solar deve ser incorporado aos hábitos de cuidados diários. "É a mesma coisa que escovar os dentes. Precisa fazer de manhã, no meio do dia e à noite. Assim como a escovação, a proteção solar deve ser refeita sempre que necessário."

A displicência em relação aos cuidados aumenta o número de casos de câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no Brasil, que corresponde a 25% dos tumores malignos registrados no país. São quase 125 mil casos por ano. A situação é mais grave no interior onde o número de casos é 40% maior do que o registrado em cidades litorâneas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. "Isso acontece porque as pessoas acham que não se expõem ao sol no dia-a-dia. Elas esquecem que andam na rua, dirigem carros e que os raios ultravioletas atravessam até as janelas de vidros", esclarece a dermatologista.

Sol está mais "ardido"

O pedreiro Ilso Caniato trabalha há 31 anos no setor da construção civil na região de Maringá. Por isso, ele passa cerca de 8 horas diárias sob o sol que, para ele, está cada vez mais forte e ardido. "Antigamente a gente conseguia trabalhar embaixo do sol o dia inteiro. Agora, em alguns momentos, é preciso parar o trabalho e encontrar uma sombra, senão não aguenta."

Para evitar as queimaduras cutâneas que têm se tornado frequentes, o pedreiro conta que adotou o chapéu e a camisa de manga longa como uniforme de trabalho. "Mesmo assim minha pele tem ficado bem vermelha. Às vezes chego em casa e preciso passar algum creme pra aliviar a sensação de queimado. Senão, não consigo dormir."

Além da modificação na pele, o pedreiro conta que seus pêlos também mudaram de cor no último ano. "Eles estão cada vez mais claros, quase brancos. Acho que é por causa do sol mesmo." Mesmo assim, Caniato afirma que ainda não procurou um médico dermatologista para avaliar as modificações.

Fabiola Tasca diz que essas alterações são comuns em pessoas que trabalham há mais de duas décadas em ambientes de exposição direta ao sol. "A mudança na cor da pele e dos pêlos já pode ser um indicativo de problema. Mas isso só pode ser determinado após uma análise do médico. É fundamental procurar o especialista para tirar a dúvida."

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