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A família da radiologista Carla Fares, de 33 anos, quer justiça. Carla morreu neste sábado (9) depois de ficar em coma por três dias e ter morte cerebral declarada por volta de 18h30 de sexta-feira (8). Ela foi parar no hospital em coma por causa de complicações em uma sala de cirurgia de uma clínica em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde se submetia a uma hidrolipo na região das costas.

A hidrolipo é um procedimento feito em consultório, onde é injetada uma substância que faz com que as células de gordura fiquem maiores, facilitando a realização da lipoaspiração dessas células.

Carla procurou a clínica pela terceira vez para finalizar a cirurgia que tinha marcado um mês e meio antes: uma hidrolipo na região das costas. Segundo sua irmã, Nícia Fares, ela já tinha feito uma lipo na barriga, bem sucedida, na mesma clínica, três meses antes de sua morte. A radiologista deixa uma filha de 2 anos.

Carla passou mal durante cirurgia

A irmã contou que durante a segunda cirurgia, a médica não quis fazer o procedimento porque Carla estaria com alucinações, e os médicos não realizaram o serviço pelo qual Carla tinha pagado. "A médica ligou para a casa da Carla e disse que ela estava com um processo espiritual, que precisávamos levá-la para uma igreja", disse a irmã.

Mesmo assim, Carla insistiu em terminar o serviço, e retornou à clínica. "A Carla foi a um consultório fazer uma hidrolipo e já saiu de lá em coma. Ela teve uma parada respiratória", contou Nícia. Ela explicou que o procedimento foi realizado no dia 6 de janeiro, por volta de 19h30.

Carla argumentou em casa que iria à clínica buscar o ressarcimento do valor pago para a cirurgia que não tinha sido feita, já que a família a desaconselhava a fazer a lipo novamente.

"O ex-marido (que foi buscá-la na clínica) escutou os gritos e resolveu entrar na sala. Quando ele entrou, constatou que Carla estava desfalecida e os médicos não conseguiram reanimar. Ele contou que eles (os médicos) estavam nervosíssimos e resolveu ligar para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Os médicos arrastaram ela para uma mesa de escritório, fizeram uma traqueostomia e perfuraram o pulmão dela".

Dez minutos sem respirar

A vítima foi levada para um hospital na Baixada e no dia 8 transferida para um hospital na Zona Norte da capital. Segundo Nícia, a clínica em que Carla tentou fazer a lipo apresentou um prontuário, dizendo que ela teve dois minutos de parada respiratória e que eles não teriam iniciado nenhum processo cirúrgico no corpo de Carla. Segundo a irmã, foi omitida a informação da traqueostomia e não foram explicadas as duas perfurações na região das costas.

Carla ficou em coma por três dias, antes de ser declarada a morte cerebral. O ex-marido de Carla, Marcelo Estrela, afirmou à família que ela teria ficado mais de dez minutos em parada respiratória.

Inquérito policial

A família procurou a 59ª DP (Caxias) e registrou o caso. A delegacia abriu um inquérito e o médico foi intimado a depor na segunda-feira (11). Nícia contou que já no dia 7 a clínica foi desmontada. Uma tia de Carla teria procurado o local para conseguir mais informações sobre o caso da sobrinha, mas não encontrou mais ninguém para prestar os esclarecimentos.

Segundo Nícia, o médico responsável pela cirurgia procurou a família no sábado (9), acompanhado de um advogado. "Ele disse que estava bem amparado e nada ia acontecer com ele, mas nós queremos justiça".

O site G1 tentou falar com o delegado que investiga o caso, mas o celular estava fora da área de cobertura.

O enterro do corpo de Carla foi marcado para a tarde deste domingo (10).

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