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A rápida reconstrução de São Luís do Paraitinga surpreendeu até os mais otimistas. Depois das chuvas, a cidade teve cerca de 600 das 2 mil casas afetadas pelas águas. Dos 425 prédios tombados, 86 foram destruídos ou ficaram abalados. O carisma de Paraitinga e a grande concentração de investimentos e apoio permitiram a reviravolta.

Nenhum morador passou fome, já que as doações permitiam oferecer até 5 mil marmitex por dia, suficiente para metade da população, sem contar os estoques de leite, arroz, feijão e macarrão para os que podiam cozinhar. O Supermercado Cursino, um dos primeiros a reabrir, dobrou a média de vendas de iogurtes, biscoitos e carne. "Já o consumo de arroz e feijão caiu porque muitos ainda têm cestas básicas", diz João Rafael Cursino, proprietário do supermercado e integrante do bloco Os Estrambelhados.

As roupas, que lotam o ginásio municipal, começam a ser doadas para cidades vizinhas. Os comerciantes querem que os donativos cessem para a retomada da economia local. Não houve as temidas epidemias. Vieram remédios, médicos e enfermeiros. Alguns fornecedores deram créditos, perdoaram dívidas, permitindo que comerciantes se reerguessem aos poucos.

O empresário Michel Khayat Neto estima o prejuízo com as chuvas em R$ 320 mil, em equipamentos e estoques da Padaria Nossa Senhora da Aparecida. Em fevereiro, estava derrotado, quando um fornecedor da Marlboro veio bater com um cheque em sua porta. Khayat mandou o homem embora. Não tinha como pagar. Mas o fornecedor estava lá para perdoar a dívida de R$ 8 mil. "Ao todo, tive R$ 60 mil de dívida perdoada. Serei eternamente grato ao Depósito Michelin, Casa Sales, Moinho Correcta, Brahma. Ponha o nome deles no jornal", pede, emocionado.

Serão reconstruídas ainda as duas igrejas, está prevista a reforma do Mercado Municipal e prefeitura, vão ser erguidas uma nova escola de música e uma biblioteca. O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Estadual (Condephaat) dão assessoria permanente aos donos de imóveis tombados. Os investimentos devem chegar a R$ 40 milhões. Um novo slogan, que circulou em fevereiro, se popularizou entre os moradores: "Vamos construir uma cidade ainda melhor".

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