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Três pessoas que receberam órgãos doados pela família da adolescente Eloá Cristina Pimentel, que foi mantida refém e assassinada pelo ex-namorado, se encontraram pela primeira vez nesta terça-feira (17) em São Paulo. Recuperando-se de suas cirurgias, eles participaram de uma cerimônia de premiação aos principais hospitais responsáveis por transplante no estado.

Três meses e 27 dias após receber o coração de Eloá – tempo que ela mesma gosta de frisar – a paraense Maria Augusta dos Anjos, de 39 anos, comemorava sua recuperação. "Já consigo subir e descer as escadas do prédio onde moro, ando bastante, minha vida mudou muito. Não tive nenhuma rejeição", disse ela, que sofria com o problema no coração desde a infância.

A contabilidade dos dias tem um objetivo – poder andar de bicicleta. "Nunca pude, é o que mais quero fazer. O médico disse que com uns seis meses de cirurgia já posso tentar", afirmou. Apesar de já ter se encontrado com a mãe de Eloá e manter contato com ela, Maria Augusta ainda não conhecida os outros pacientes que receberam órgãos da adolescente. "É bom ver pessoas que passaram pelo mesmo que eu."

Outro que se recupera e já comemora as conquistas de uma vida mais normal é Emerson Gentil Dardes, de 25 anos, que recebeu o pâncreas e o rim de Eloá. "Não preciso mais fazer hemodiálise, e agora posso beber água à vontade", disse ele, que convivia com o problema de saúde desde a adolescência e fazia hemodiálise havia três anos. "Poder tomar bastante água no calor é algo que nem sei explicar. Estou me sentindo 100%", afirmou ele.

A recepcionista de hospital Livia Amodio Novais, de 28 anos, receptora de uma das córneas da adolescente morta após ser mantida refém pelo ex, também estava no local e ficou feliz de conhecer as outras pessoas que bem graças aos órgãos de Eloá. Ela, que só soube ter recebido a córnea da menina depois que teve alta, diz só ter agradecimentos.

"Independentemente de tudo o que aconteceu, foi muito importante para mim", contou ela, que ainda tem problemas na outra córnea e usa uma lente de contato para melhorar sua visão.

Incentivo

Dez hospitais do estado de São Paulo foram premiados e homenageados nesta terça por sua atuação em áreas específicas dos transplantes. Segundo o governador José Serra, o encontro é uma forma de incentivar o crescimento desse tipo de cirurgia. "É interessante também que entre os transplantados estejam aqueles que têm os órgãos da Eloá, que foi assassinada daquela maneira que todos nós acompanhamos. Foi uma demonstração por parte da família, que teve um comportamento com repercussão em outras famílias", afirmou.

A Secretaria de Estado da Saúde também divulgou novos números sobre os transplantes em São Paulo. Em janeiro de 2009, foram realizadas 167 cirurgias, um número 52% maior que o realizado no mesmo mês do ano passado. Em 2008, foram 7.683 transplantes em todo o estado, número 26,7% maior que em 2007. "A família brasileira já entendeu a importância e está sensibilizada com os transplantes", afirmou Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de saúde do estado.

Os hospitais premiados no evento foram: Hospital das Clínicas de São Paulo, Hospital Albert Einstein, Hospital São Paulo, Hospital das Clínicas de Campinas, Hospital Oftalmológico de Sorocaba, Beneficência Portuguesa, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Santa Casa de São Paulo e Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

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