| Foto: Osvalter Urbinati/

Reconstruir pontes. Esse será o principal desafio para governo e professores após o término da greve, algo ainda sem data para ocorrer. A retomada do diálogo entre gestores e docentes é apontada por educadores e outros que acompanham de perto a situação da educação pública do estado como essencial para se encontrar a solução para outros problemas que afetam a qualidade do ensino como um todo. O adoecimento dos professores, a falta de estrutura das escolas, a necessidade de criação de políticas de estado para a educação e de um novo modelo para o ensino médio são alguns dos pontos urgentes.

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Veja problemas no setor de educação e ações que podem solucioná-los

Avaliação

Além do aluno, escola e professores também precisam ser avaliados. A ideia é defendida por quem entende do assunto. Mas,o uso da avaliação para premiar é questionado. “Não traz resultados no médio prazo”, diz Renato Casagrande, consultor educacional.

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A indicação da professora Ana Seres para o comando da Secretaria de Educação foi um aceno do governo para a intenção de abrir espaços para a construção de soluções para esses problemas – alguns deles apontados como fatores que contribuíram para a queda na qualidade da educação do estado. Em 2013, o ensino médio do Paraná caiu cinco posições no ranking do Ideb.

Diálogo

Secretária de Educação no governo Requião, Yvelise Arco-Verde sabe da dificuldade de se construir um diálogo verdadeiro. “É preciso ouvir o outro e estar disposto a avançar”, diz.

A queda de terceiro para oitavo no ranking geral tem sido usada por alguns aliados do governo com uma provocação aos professores. Eles argumentam que, apesar do reajuste salarial de 60% que a categoria recebeu, o ensino não melhorou. Pelo contrário, de acordo com o Ideb, teria piorado. Quem entende de educação rebate a crítica e chama o governo à responsabilidade.

21,5% do orçamento

do Paraná em 2014 foi para a Educação. Dos R$ 5,8 bilhões destinados à pasta, R$ 4,8 bilhões foram para o pagamento de pessoal e encargos.

“De fato, houve reajustes. Mas o governo só estava devolvendo o que não havia sido dado em gestões anteriores e cumprindo o que determina a lei. Além disso, a questão da educação passa pela valorização do professor, mas não é só isso. Temos um somatório de problemas. São professores sobrecarregados, temporários que ainda não são formados, uma taxa de adoecimento alta”, comenta Araci da Luz, doutora em educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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3,4 no Ideb

Essa foi a nota que o ensino médio do Paraná alcançou em 2013. Na avaliação de dois anos antes, o estado obteve nota 3,7.

Araci também é crítica ao uso que vem sendo feito pela gestão estadual dos dados apresentados pelo Ideb. “O estado fica mais nas questões numéricas, não vai no qualitativo. Para isso é preciso discutir com quem está na ponta. E a gente percebe esse distanciamento entre a gestão e quem está no cotidiano da sala de aula”, diz.

52.919 professores

fazem parte do quadro de docentes concursados do estado. Desse total, 3.691 estão afastados de suas funções por motivo de saúde.

Longe de quem está na ponta, poucas mudanças poderão de fato ser feitas e para fazer as mudanças que se mostram urgentes é preciso investir na formação dos professores. É esse o raciocínio do consultor educacional Renato Casagrande.

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“Há uma defasagem muito grande entre o que a escola precisa e a formação que os professores tem. O grande investimento que precisamos fazer agora é na formação continuada desses profissionais atrelada com os objetivos do estado para a educação do Paraná”, afirma Renato.

Atualmente, os cursos de formação continuada ofertados pelo governo aos professores são um ponto de crítica da categoria. Eles estariam muito voltados aos índices, mas pouco ajudam a mostrar o caminho a ser seguido para melhorar. “São traçados objetivos, mas cada um que se vire para chegar lá”, diz Walkíria Mazeto, secretária de educação da APP-Sindicato.

A fala da representante do sindicato se alinha com a da pesquisadora em educação e professora da UFPR Elisa Dalla-Bonna quando ela diz que faltam políticas de Estado para a educação do Paraná. “Tudo que se conseguiu avançar até hoje na educação do país foi por causa de políticas de Estado, que têm continuidade e vão se aperfeiçoando ao longo do tempo”.

Mais perto do que se imagina

Pelo discurso adotado até agora pelos dois lados, professores e governo parecem estar a milhas de distância. Mas, fora da questão salarial, educadores e o novo comando da Educação do estado, em muito momentos, falam a mesma língua.

Mudança no perfil dos cursos de formação continuada, revisão das estruturas físicas das escolas, ampliação do debate com a comunidade escolar e uma maior atenção à questão do adoecimento dos professores. Todas essas são questões que preocupam a categoria e que também estão na agenda da Secretaria de Educação neste ano, de acordo com a nova superintendente Fabiana Campos.

“A intenção é fortalecer a gestão escolar e com isso conseguir a redução das taxas de abandono, a distorção idade-série e outros problemas. Mas antes é preciso retomar o diálogo”, admite Fabiana. “Estamos de portas abertas. O que queremos é ouvir para depois falar e juntos podermos construir soluções”, diz a nova superintendente, que é mulher do líder do governo na Assembleia, o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

A aposta da Secretaria de Educação para os próximos anos é o projeto Meta – Minha Escola Tem Ação. O coração do projeto é quem faz a gestão escolar – diretores, vice-diretores e pedagogos. “A escola é muito o reflexo do gestor. Dentro desse processo, uma das propostas é que o professor atenda a alguns pré-requisitos para se candidatar a diretor e que, quando eleito, faça um curso de dez módulos, que inclui também o acompanhamento de índices da escola e do aluno”, conta Fabiana.

No começo do mês, foi realizada uma reunião com os coordenadores pedagógicos dos 32 núcleos regionais de educação para tratar sobre o programa. Apesar da greve, a intenção é que o Meta comece a ser implementado ainda neste ano.

Problema e ação

Para além dos salários, a insatisfação dos professores com a administração também se dá devido a problemas que têm piorado ao longo dos anos. Para alguns deles, o governo afirma ter um plano de ação. Confira:

Adoecimento

Problema

Existem hoje 3.691 professores afastados de sala de aula por motivos médicos. Patologias relacionadas a transtornos mentais e comportamentais são as mais frequentes.

Ação

Deverá entrar em funcionamento ainda neste ano um programa de prevenção e orientação para diminuir os índices de adoecimentos dos professores. O programa conta com recursos do Banco Mundial.

Infraestrutura

Problema

Salas de aula com goteiras, banheiros em estado precário, quadras esportivas sem manutenção... A lista de problemas estruturais das escolas do estado é grande. Essa é uma das primeiras melhorias reivindicadas pelos professores.

Ação

O governo planeja mapear o estado da infraestrutura das 1.483 escolas estaduais. A ideia é mapear os problemas e definir a prioridade de atendimento.

Diálogo

Problema

Professores reclamam que os espaços de diálogo com a base têm diminuído.

Ação

Criar um novo espaço de conversa com professores é um dos objetos da gestão da nova secretária, Ana Seres. Esse é um dos fundamentos do programa Meta – Minha Escola Tem Ação.

Ensino Médio

Problema

A necessidade de discutir um novo modelo do ensino médio é unanimidade. Professores, pesquisadores da área e governos defendem que é preciso adequar essa etapa do ensino aos novos tempos.

Ação

A Secretaria de Educação planeja fortalecer a formação dos professores do ensino médio. Para isso, será implementado um projeto em parceria com a Secretaria da Ciência e Tecnologia do estado.

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