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Curva da Santa: controvérsia quanto aos métodos utilizados para reduzir os acidentes | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Curva da Santa: controvérsia quanto aos métodos utilizados para reduzir os acidentes| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Ponto que concentra dezenas dos mais graves acidentes de trânsito do Paraná, a Curva da Santa é um desafio para a engenharia de tráfego. Quais medidas poderiam ser adotadas para diminuir os problemas na acentuada curva na descida da serra, na BR-376, já perto da divisa com Santa Catarina? Depois de um estudo, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar) diz que reduzir a velocidade dos caminhões ajudaria.

A ideia do levantamento surgiu depois de a Gazeta do Povo mostrar que houve 246 acidentes nos últimos seis anos no local, com aproximadamente 90% causados por abusos cometidos pelos motoristas. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal. Segundo o Setcepar, o problema é que os caminhões chegam ao fim da serra com os freios comprometido.

O presidente da Setcepar, Gilberto Cantu, comenta que muitas rodovias têm traçado antigo e que os veículos foram sendo modificados ao longo do tempo, com potências e tamanhos aumentados. “Há reforços na sinalização, mas os problemas continuam”, diz.

Para o sindicato, seria preciso diminuir a velocidade em todo o trecho de descida e – não apenas na curva. “Tem também imprudência, mas o risco poderia ser reduzido com velocidades menores”, acredita.

Para o engenheiro mecânico Rubens Penteado de Melo, responsável pelo estudo feito a pedido da Setcepar, há indícios de que uma alternativa técnica poderia ajudar. “A gente suspeitou que tinha algo mais porque o local é bem sinalizado”, conta. Antes da Curva da Santa existe uma sequência de dez curvas em descida, com mais de 7% de declive. “Embora seja uma serra curta, é bastante íngreme”, comenta.

Atualmente, nos 2,6 quilômetros mais críticos da serra, a velocidade máxima é de 60km/h. Mas, a partir do estudo, o sindicato sugere que o limite seja de no máximo 40km/h, apenas para veículos pesados, em toda a serra. Assim, o caminhoneiro se obrigaria a usar uma marcha pesada e não acionaria tanto o freio. “Não é só manter a velocidade baixa, mas começar com uma velocidade mais baixa”, diz o engenheiro. Ele conta que vários vídeos mostram caminhões “soltando fumaça” na frenagem durante a descida.

Programa contra gambiarras

Uma mangueira dobrada com um alicate de pressão para conter o vazamento de ar no sistema de freio. Um caminhoneiro foi flagrado com essa gambiarra na BR-376, em vistoria do programa Serra Segura. O programa combate más condições de veículos e desleixo – ambas possíveis causas de acidentes. Segundo as autoridades 40% dos caminhões inspecionados têm problemas mecânicos.

A Polícia Rodoviária Federal não concorda que seja preciso mudar a velocidade máxima antes do trecho da Curva da Santa. Para o agente Fernando Oliveira, da comunicação social da PRF, bastaria o motorista respeitar as regras da via. “Não nos parece necessária a redução de velocidade. O trecho é bem sinalizado, com três radares com pórticos. Mas muitos cuidam para passar a 60 km/h no radar e depois aumentam de novo. Por isso, segundo ele, aquele trecho seria ideal para ter um sistema de verificação pela média de velocidade, que considerasse o tempo que o veículo levou para descer a serra e aplicasse multa a quem fez o percurso mais rapidamente. Segundo ele, o limite de 40km/h levaria a congestionamentos em dias de maior fluxo.

O coordenador de tráfego da concessionária Autopista Litoral Sul, Fernando Luz, também concorda que a redução no limite de velocidade na descida da BR-376 poderia causar mais lentidão, sem trazer benefícios diretos. Ele ainda destaca que a diminuição do limite poderia levar a mais colisões traseiras, em função da frenagem brusca. “Acredito que nos dias de movimento comprometeria o fluxo”, diz. Em dias normais 15 mil veículos passam pelo trecho e na alta temporada esse número mais do que dobra.

Diminuição aumentaria risco de colisões traseiras e congestionamentos

Para o agente Fernando Oliveira, da comunicação social da PRF, bastaria o motorista respeitar as regras da via. “Não nos parece necessário a redução de velocidade. O trecho é bem sinalizado, com três radares com pórticos. Mas muitos cuidam para passar a 60 km/h no radar e depois aumentam de novo. Por isso, segundo ele, aquele trecho seria ideal para ter um sistema de verificação pela média de velocidade, que considerasse o tempo que o veículo levou para descer a serra e aplicasse multa a quem fez o percurso mais rapidamente.

Ele ainda acredita que o limite de 40km/h poderia levar a congestionamentos em dias de maior fluxo. Oliveira conta que há um trecho de serra no Paraná com velocidade máxima permitida de 40 km/h. É na Serra do Cadeado, na região Centro-Sul, entre Guarapuava e Prudentópolis. É uma pista simples, sem mureta de proteção. Mesmo assim, caminhões descem mais rápido do que o permitido. Dia desses um se envolveu num acidente e o tacógrafo apontou 80 km/h.

O coordenador de tráfego da concessionária Autopista Litoral Sul, Fernando Luz, também concorda que a redução no limite de velocidade na descida da BR-376 poderia causar mais lentidão, sem trazer benefícios diretos. Ele ainda destaca que a diminuição do limite poderia levar a mais colisões traseiras, em função da frenagem brusca. “Acredito que nos dias de movimento comprometeria o fluxo”, diz. Em dias normais 15 mil veículos passam pelo trecho, sendo que na alta temporada esse número mais do que dobra.

Luz também explica que o histórico indica acidentes distribuídos ao longo da serra, com maior índice na Curva da Santa. Ele reforça que, para veículos que iniciam a descida já com problemas no sistema de freio, a redução de velocidade não teria nenhum benefício. “Ele é empurrado pelo peso”, lembra, destacando que cerca de 7% dos caminhões trafegam com carga acima do permitido. A combinação de situações de risco levou ao uso da área de escape por mais de 150 vezes. O espaço que funciona como uma via alternativa para veículos sem capacidade de controlar a velocidade foi inaugurado em 2011.

Para o coordenador de tráfego, muitos acidentes seriam evitados se os motoristas praticassem direção defensiva, se usassem freio motor na descida, se estivessem atentos à manutenção dos veículos e se andassem dentro dos limites de velocidade e peso. “Se eles mantivessem o 60km/h conseguiriam descer a serra sem problemas”, garante.

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