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Inaugurado há quatro meses, o Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, registrou na manhã de ontem sua segunda rebelião, que durou aproximadamente nove horas.

Ao todo, 114 detentos fizeram dois reféns e exigiram a transferência imediata de alguns presos. As negociações foram lentas e envolveram cerca de 100 policiais da tropa de Choque e da Companhia de Operações Especiais (Coe) da Polícia Militar.

A situação só foi controlada por volta das 20h30, depois que vinte presos, identificados como focos de liderança, foram transferidos para outra unidade do complexo. Os reféns foram libertados sem ferimentos.

O tumulto começou durante o banho de sol. Próximos ao solário, um agente penitenciário e uma enfermeira da unidade foram rendidos e obrigados a entrar nas galerias. Armados com estoques, os rebelados tomaram conta de quatro alas de um dos blocos do CDR. Algumas galerias foram danificadas.

Durante as negociações, os presos pediram as transferências de alguns colegas para outros estados. "Eles não citaram o motivo do pedido de transferência, mas disseram que gostariam de retornar aos estados de origem", afirmou a major Mirian Biancolini Nóbrega, chefe de comunicação social da PM.

Segundo ela, não se pode fazer nenhuma conexão entre a rebelião de ontem e a de agosto – quando sete presos do complexo fizeram nove agentes penitenciários reféns durante cinco horas, e exigiram celulares e a remoção para outra penitenciária.

"A questão principal deste motim é política. Estamos em época de eleição e a ordem veio de fora. A intenção é provocar a desordem no sistema", revela a presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário (Sinspe) do Paraná, Sandra Duarte. "A ordem era para bagunçar. Tentamos avisar o governo sobre a possibilidade eminente de rebeliões mas, novamente, não fomos ouvidos", diz. "Todos sabem que existem facções do crime organizado lá dentro", lembra Sandra, referindo-se à chegada dos 803 detentos do antigo presídio do Ahú, desativado em julho.

No início da noite, parentes dos presos do CDR bloquearam uma rua de acesso do presídio, em protesto pela falta de informações. A ação foi reprimida pacificamente pela PM. "Há três meses estou sem notícias do meu filho. Não sei como ele está. Estou bastante preocupado", contou o pedreiro Alcides Soares. "Não existe ressocialização aqui. Eles reclamam de maus-tratos desde que a unidade foi inaugurada", diz Valéria Waltrick, namorada de um dos presos.

Ligando de um celular com prefixo de São Paulo, um homem, que se identificou apenas como Lacerda procurou a imprensa e disse falar em nome dos presos. Ele apontou outros mmotivos para a rebelião: maus-tratos, humilhações, falta de medicamentos e de banho de sol na penitenciária.

De acordo com o secretário estadual de Justiça, Jair Braga, o Departamento Penitenciário deve analisar hoje as demais reivindicações dos presos, que não foram divulgadas.

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