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O governo não confirma o número de policiais da Rone que são deslocados para a PCE | Dalio Zippin
O governo não confirma o número de policiais da Rone que são deslocados para a PCE| Foto: Dalio Zippin

Dois meses após a rebelião que resultou na morte de sete presos e deixou a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, praticamente destruída, a segurança da unidade voltou a depender da Polí­cia Militar (PM). Diariamente, para cada turno, um grupo de cerca de 70 policiais – número não confirmado pela PM – é destacado de seus batalhões para manter o controle da PCE. A permanência deles está atrelada à reforma do presídio, que até agora não teve nenhuma das 12 alas recuperada.

Divididos em dois turnos, 40 policiais militares do batalhão de Rondas Osten­sivas de Natureza Especial (Rone), que faz parte do Ba­­talhão de Choque da PM, são enviados todos os dias para a PCE, desde a rebelião de 15 de janeiro. O efetivo po­­licial é completado por um rodízio com os outros batalhões da PM em Curitiba e região metropolitana. "Assim, cada batalhão entra com um pouco de policiais e não atrapalha os trabalhos da unidade na cidade", afirma o coronel Jorge Costa Filho, comandante de Policiamento da Capital.

A PM não informa o número de policiais destacados de suas funções para cuidar da segurança na PCE. "Por questão de segurança dos policiais, não dizemos quantos homens temos lá. Os presos não têm de saber qual é a nossa força", diz o coronel. Não há prazo definido para a retirada dos policiais. "En­­quanto (a PCE) estiver em obras, tenho de manter a segurança", afirma Costa Filho.

Em fevereiro, o secretário de estado da Cidadania e Justiça, Jair Ramos Braga, contou à reportagem da Gazeta do Povo que cerca de 70 policiais militares estavam na PCE. "Até agora não nos foi passado nada com relação a prazos. Acho que para não ficarmos na expectativa. O serviço é desgastante. Estar junto com os presos é complicado", diz um policial que não quis ser identificado.

Nova direção

Com novo diretor desde 10 de fevereiro, a PCE caminha lentamente com a reforma da unidade – cerca de 90% das celas foram destruídas durante o motim. Os trabalhos têm sido feitos aos poucos devido à necessidade de remanejar os detentos entre as alas e o pátio. "O pessoal tem encontrado dificuldade para achar soldadores que aceitem trabalhar no presídio", conta o policial. A penitenciária está sob o comando de Aclínio José do Amaral, sucessor de Gamaliel Bueno Galvão Filho, afastado do cargo após a rebelião. É a segunda vez que Amaral assume a PCE, onde já esteve por seis meses entre 2007 e 2008.

A primeira galeria a ficar pronta deve ser liberada até o fim desta semana, segundo o advogado Dálio Zippin Filho, membro do Conselho Peni­tenciário da Secretaria de Estado da Justiça. A estrutura de uma das alas foi comprometida du­­rante a rebelião, impossibilitando que ela seja reativada. Para que as celas sejam recuperadas, os 1,2 mil presos foram divididos em dois grupos que são revezados no pátio a cada dois dias.

Apesar da demora na restauração das alas da PCE, Zippin elogiou algumas mudanças nos últimos 15 dias. "Não foi constatado nada de errado. Conse­guiram fazer uma limpeza geral da unidade. Restabe­leceram os serviços médico e psicológico", conta. As visitas aos detentos serão retomadas a partir de 5 de abril. Os presos serão separados em grupos de 60 para recebê-los.

A Seju e o secretário Braga têm sido procurados para falar sobre as mudanças na PCE após a rebelião e a atual situação da unidade e dos presos. Ontem, a assessoria de imprensa da Secretaria informou que, por enquanto, não irá se manifestar sobre o assunto.

A rebelião na PCE estourou em 15 de janeiro, poucos dias após a determinação da Secre­taria de Estado da Segurança Pública (Sesp) de retirar os policiais militares que cuidavam da segurança interna do presídio. A PM estava presente na unidade desde 2001. Investigações da Polícia Civil também apontaram que a ação dos presos teve ligação com a transferência de presos para alas de grupos criminosos rivais feita por agentes penitenciários, o que resultou na prisão do chefe e do subchefe de segurança da unidade. Três agentes penitenciários foram mantidos reféns. Cinco presos foram mortos durante a rebelião e dois morreram no hospital.

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