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Há seis anos longe de casa, o haitiano Clother Jean Louis, de 39 anos, hoje morador de Curitiba, vive em busca de um recomeço. Desde que a terra natal dele foi chacoalhada por um terremoto que agravou problemas sociais, o imigrante peregrina de nação em nação à procura de condições mais dignas para ele e a família. Já passou pela República Dominicana e Equador, onde chegou a conhecer a fome, e agora segue no Brasil, desempregado. Uma capacitação gratuita oferecida pelo Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), em parceria com a Linyon – Escola de Integração, é a aposta de Clother para se desenvolver profissionalmente no Brasil.

A proposta, voltada a imigrantes e refugiados, busca não só acolher esta população, como integrá-la à comunidade local. Composto por cinco módulos, o curso tem como um dos objetivos oportunizar o recomeço que alunos como Clother tanto perseguem. Hoje, no Brasil, eles somente os refugiados representam cerca de 9 mil pessoas de 79 nacionalidades diferentes, segundo dados do Ministério da Justiça.

“Acredito que o curso vai me ajudar muito. Espero trabalhar logo”, define o haitiano Clother. Ele, que costumava pintar casas no país caribenho e fazer esculturas de madeira por hobby, chegou a atuar em um supermercado de Curitiba, até ser dispensado recentemente por causa da crise. A conquista de um novo emprego para Clother e a esposa é o primeiro passo no sonho de trazer os quatro filhos para o Brasil.

Já fazem parte da primeira turma dez alunos, entre compatriotas de Clother, sírios, angolanos e guineenses. Ao longo do programa, eles terão aulas de desenvolvimento pessoal e profissional, empreendedorismo, liderança e mercado de trabalho, com foco na legislação trabalhista do Brasil. Ao final, receberão certificação e passarão por sessões de coaching, para aconselhamento profissional. Toda a capacitação é ministrada por profissionais voluntários do ISAE.

“Pensamos em levar para eles conhecimentos sobre desenvolvimento pessoal e profissional porque eles já têm uma fragilidade pessoal muito grande, seja por conta do preconceito sofrido, das dificuldades com o idioma, e também da crise do país. A ideia é trabalhar habilidades não tão técnicas, mas relacionadas ao empoderamento de cada um”, explica Marcela Milano, uma das idealizadoras do projeto.

O professor Gianfranco Muncinelli acompanhou a turma durante o primeiro módulo e observa que a capacitação busca proporcionar, sobretudo, autoconhecimento aos imigrantes e refugiados atendidos. “Deixamos claro que são eles que vão responder por seu desenvolvimento, no sentido de serem protagonistas da própria história”, comenta ele, ao assinalar que boa parte deste público já estava estabelecida em sua terra natal e se viu obrigada a deixar tudo para trás. “Largaram família, carreira, bens, tudo para vir para um país de incerteza. É uma crise humanitária muito grande. Acho que as pessoas ainda não acordaram para isso. Temos que contribuir com esses nossos irmãos”, defende Muncinelli.

Segundo a Linyon, palavra que significa união em crioulo haitiano, uma parte dos refugiados que chegaram a Curitiba tem protagonizado casos de empreendedorismo, seja na gastronomia ou pequenos comércios. O curso em parceria com o ISAE busca fomentar a prática, mas também oportunizar o networking deste público com empresários locais, para o preenchimento de vagas de trabalho. Esta aproximação tem por objetivo ajudar na estabilização dos imigrantes e refugiados em Curitiba e no fortalecimento da economia local.

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