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Contato com água de enchente aumenta a possibilidade de contrair leptospirose, transmitida pela urina dos ratos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Enviado especial
Contato com água de enchente aumenta a possibilidade de contrair leptospirose, transmitida pela urina dos ratos| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Enviado especial

Após a tragédia que já deixou 841 mortos e 541 desaparecidos, as cidades da região serrana do Rio de Janeiro enfrentam agora as doenças. Há registro de 99 casos de suspeita de leptospirose e seis confirmados nos municípios. A secretária de Saúde de Nova Friburgo, Jamila Callil Salim Ribeiro, confirmou ontem que a cidade vive um surto de leptospirose, com 46 casos notificados, sendo cinco deles já confirmados e outros sete que aguardam confirmação laboratorial.

Na quarta-feira passada, em um dos abrigos do município, 19 crianças sofreram um surto de gastroenterite e cinco permanecem internadas para hidratação. A suspeita da Secretaria de Saúde é de que a comida servida no almoço, vinda de doações, estivesse estragada. Jamila disse que espera "um longo período de doenças infecciosas" na cidade e pediu paciência à população, pois o principal hospital de Nova Friburgo ainda funciona de forma precária, sem raio-X e banco de sangue e com enfermarias interditadas por causa do alagamento de lama que a unidade sofreu.

Sete pessoas estão internadas com os sintomas de leptospirose, doença transmitida pela urina dos ratos – quatro em hospitais públicos e três em clínicas particulares. "Os pacientes com leptospirose são aqueles que tiveram contato com as águas da enchente nos primeiros dias após a tragédia. No ciclo da doença, os sintomas se manifestam de duas a três semanas com febre alta e dores musculares intensas, principalmente na região da panturrilha", afirmou a secretária. Além das doenças infecciosas, Jamila não descarta a possibilidade de um surto de problemas respiratórios, como asma, devido à quantidade de poeira acumulada nas ruas.

Em Teresópolis, foi constatada leptospirose em um menino de 12 anos – que segundo a Secretaria de Saúde da cidade está em tratamento e passa bem. Outras 55 pessoas que apresentaram sintomas estão sob análise.

Aluguel mais caro

A especulação imobiliária é outro problema enfrentado pelas vítimas das chuvas na região serrana. Com o início do pagamento do aluguel social para os desabrigados, os preços de locação de imóveis subiram cerca de 30%, segundo estimativa da prefeitura municipal. De acordo com o secretário de Programas Sociais e coordenador do Comitê de Ações Emergen­­ciais de Petrópolis, Luis Eduardo Peixoto, em poucos dias, imóveis que estavam anunciados por R$ 450 passaram para R$ 600. "Está havendo uma verdadeira especulação imobiliária. Teve gente que havia fechado o valor do aluguel em R$ 450 e quando foi à Caixa Econômica assinar o contrato, o dono já estava pedindo mais caro", disse.

Segundo Peixoto, a prefeitura de Petrópolis deve entregar, até fevereiro, cerca de 250 habitações populares. No entanto, essas casas atenderão às pessoas que já haviam sido atingidas por outras enchentes e estão na fila da habitação. "Temos dificuldade paraencontrar terrenos. Mas há um trabalho intenso do governo para localizar essas áreas". De acordo com o secretário, 398 pessoas dos 813 cadastrados para receber auxílio do aluguel social já podem receber o benefício de R$ 500.

Visita de Dilma

A presidente Dilma Rousseff esteve ontem no Rio de Janeiro para anunciar junto com o governador Sérgio Cabral a construção de 2 mil casas para desabrigados na região serrana por parte de empresários e a inclusão de outras 6 mil casas no Programa Minha Casa, Minha Vida, destinada à mesma finalidade. Dilma também visitou o Centro de Operações da capital fluminense, que tem entre suas responsabilidades o monitoramento de possíveis desastres que podem levar regiões a situações de emergência.

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