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Brasília – Alvo de críticas da oposição e até de membros da base governista, o relator da CPI do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), considera o desligamento do transponder (dispositivo de comunicação entre aeronaves) como fator preponderante para o acidente com o avião da Gol, há um ano. O petista admite que o depoimento dos pilotos norte-americanos que estavam no jato Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, fez falta. Porém, nega que isso prejudique o conteúdo das investigações. No relatório, que deve ser votado até sexta-feira, Maia pediu o indiciamento dos dois estrangeiros, de cinco controladores de vôo e deixou de fora os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o que irritou os oposicionistas. Para o deputado, o ponto alto das investigações foi apontar "os caminhos para a solução da crise do sistema aéreo brasileiro".

Passado um ano do acidente com o avião da Gol, houve melhora no sistema de tráfego aéreo brasileiro?O acidente da Gol foi o que explicitou uma crise que já vinha sendo gestada há muitos anos no sistema de tráfego aéreo civil brasileiro. A partir dele, pudemos identificar quais eram os elementos dessa crise, como a desarticulação entre as empresas e companhias ligadas ao setor, a falta de um plano aeroviário nacional, a necessidade de se reformular o marco regulatório do setor, a redefinição das funções da Anac e a política de investimentos para o futuro. Eu diria que esses problemas estavam para ser identificados a qualquer momento, dadas as circunstâncias das deficiências que o setor enfrentava. Eu também diria que a CPI ajudou a abrir a caixa-preta desse setor para o país, para identificar os fatores preponderantes na crise.

Qual a avaliação da participação da CPI nas investigações desse acidente?A CPI sistematizou e juntou em um mesmo relatório tudo aquilo que foi produzido pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela investigação do Cenipa. Ela produziu uma síntese, mais detalhada, mais equilibrada e contundente sobre o que de fato aconteceu. Tanto que nós podemos afirmar de maneira muito clara e incisiva que o principal fator determinante para o que ocorreu foi o desligamento do transponder do Legacy. Isso quebrou a "bolha" de proteção das duas aeronaves.

O depoimento dos pilotos norte-americanos foi o que faltou para esclarecer totalmente o acidente? Poderia ter havido mais empenho para ouvi-los?Sem dúvida nenhuma o depoimento deles era importante. Infelizmente, não conseguimos ouvi-los porque eles não se predispuseram, não quiseram falar nem ao Judiciário. Agora, isso não inviabiliza os resultados que foram produzidos tanto pela CPI quanto pelo Cenipa e Polícia Federal.

Qual é a relação entre os acidentes da Gol e da TAM?Os dois são completamente diferentes e se deram em circunstâncias desiguais. Portanto, não pode se atribuir as falhas ocorridas em um acidente com o outro. É difícil também presumir uma relação entre os dois acidentes e a crise vivida no setor aéreo. São características completamente diferentes para cada problema.

A situação dos aeroportos melhorou nos últimos dois meses. Isso é reflexo da CPI ou da troca de comando do Ministério da Defesa?A CPI contribuiu mostrando à sociedade brasileira a crise. Trouxe elementos a público, não ficou apenas nas conversas feitas nos gabinetes ou nas salas do governo. Ao explicitar a crise, exigiu mudanças mais imediatas e radicais para essa área. Eu diria que as mudanças promovidas pelo presidente Lula na gestão do sistema de controle aéreo brasileiro, no Ministério da Defesa, na Infraero e na Anac são frutos dos problemas mostrados pela CPI. A comissão foi um dos fatores para a suavização da crise.

O senhor tem sido criticado pelo relatório final da CPI. Na sua visão, qual é o ponto alto do material? Por que não houve indiciamento dos diretores da Anac?O ponto alto do meu relatório é a análise contundente do setor que realizamos e as recomendações que estamos propondo para as diversas áreas. Muito mais do que produzir um grande relatório, com decisões políticas, o material é a produção de um relatório contundente, técnico e que aponta caminhos para a solução da crise do sistema aéreo brasileiro. Sobre o indiciamento dos diretores da Anac, não sugeri porque não conseguimos individualizar as responsabilidades.

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