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Estrago na Avenida Atlântica, em Guaratuba: para especialistas, problema só será corrigido definitivamente com engorda da praia | Bianca Marchini
Estrago na Avenida Atlântica, em Guaratuba: para especialistas, problema só será corrigido definitivamente com engorda da praia| Foto: Bianca Marchini

Moradores pedem posto de saúde em Pontal

Cerca de cem moradores do Balneário de Pontal do Sul, no município de Pontal do Paraná, no litoral do estado, bloquearam duas vezes o tráfego na PR-412 ontem para protestar contra o fechamento da unidade de saúde do balneário. A rodovia foi fechada entre 9 e 12 horas e das 14 às 16h40. Por volta das 16 horas, o congestionamento no local chegou a 4 quilômetros. O trânsito voltou a fluir às 17h15.

Segundo os manifestantes, o posto de Pontal Sul abre somente durante a temporada de verão. Fora desse período, os moradores precisam se deslocar até a unidade de Praia de Leste ou até Paranaguá. A falta de médicos nas unidades e a demora para conseguir atendimento seriam outros problemas. "Meu pai teve uma crise asmática e teve que ir para Paranaguá. Se tivermos uma emergência, a pessoa pode morrer até chegar lá", disse Patrícia dos Santos, moradora de Pontal do Sul.

Segundo a procuradora-geral do município, Virgínia Mara Pedroso, a prefeitura mantém aberto apenas o posto de Praia de Leste porque não tem recursos para manter duas unidades 24 horas abertas fora da temporada. Virgínia disse que os dois postos 24 horas funcionam na temporada porque o governo do estado envia recursos e profissionais de saúde. Para abrir o outro posto, a prefeitura propos diminuir a verba da Câmara Municipal de R$ 2 milhões por ano para R$ 1,7 milhão e agora aguarda o retorno dos vereadores. Os moradores pretendem fazer um novo protesto hoje.

Fernanda Leitóles e Carlos Coelho

Desde o início do ano, a cidade de Guaratuba, no litoral do estado, convive quase todo mês – desde maio, quase toda semana – com o avanço do mar em direção à praia, fenômeno conhecido como ressaca. A força das ondas e a maré alta já destruíram cerca de 700 metros do calçadão da Avenida Atlântica, na Praia Central, além de manilhas que passam pelo local, o que fez com que a coordenadoria da Defesa Civil no litoral decretasse estado de emergência nessa área, que está interditada. "O objetivo é fazer com que o poder público libere recursos para a realização de melhorias, já que por enquanto só foram feitas obras emergenciais", afirma o coordenador da Defesa Civil no litoral, capitão Jonas Emmanuel Benghi, do Corpo de Bombeiros. No momento, a solução encontrada pela prefeitura foi colocar pedras e sacos de areia para amenizar a força das ondas.

Além de causar prejuízos ao patrimônio, a ressaca já começa a preocupar equipes do Corpo de Bombeiros de Guaratuba, que possui um posto de frente para a praia. De acordo com Benghi, a construção ainda não apresentou rachaduras, mas caso o mar continue avançando é possível que o local seja demolido e reconstruído em lugar mais afastado.

Em Matinhos, o problema é mais grave próximo à Vila dos Pescadores e ao quartel do Corpo de Bombeiros, na Praia Central. De acordo com a Colônia de Pescadores de Matinhos, em dias de mar agitado é preciso transportar as canoas para outra área para evitar que as ondas avariem o material. Há duas semanas, a maré alta chegou a derrubar um poste nas imediações da colônia.

O avanço do mar fez com que um alojamento dos bombeiros tivesse de ser demolido no começo deste ano. O heliponto da corporação, utilizado durante a temporada, também está com a estrutura comprometida por causa da ressaca. Segundo Benghi, quando os postos começaram a ser erguidos, em meados da década de 1960, construir próximo à areia era uma questão de estratégia, já que ali era possível ter mais visibilidade da praia. "Hoje, sabemos que foi um erro, pois isso praticamente acabou com a área de restinga e prejudicou quem vive nessas áreas", diz.

Ocupação

O avanço do mar é um fênomeno natural. A movimentação de areia ao longo da costa faz com que, em determinados períodos, a praia perca sedimentos e o mar avance. Nesse caso, ela compensa a ação "recuando" em direção contrária às águas. Com a ocupação humana, isso não é possível. Quem explica é o professor de Geologia Rodolfo Angulo, da Universidade Federal do Paraná. "Em condições normais, a praia se recompõe. Com as construções, ela não tem como recuar. Aí ocorre a erosão".

De acordo com Angulo, a única forma de conter a erosão é a engorda da praia, ou seja, com a reposição da faixa de areia. A solução buscada pela prefeitura de Guaratuba, de utilizar pedras e sacos de areia, segundo ele, não é recomendada, pois pode contribuir com o processo erosivo. "A praia tem o poder de dissipar a energia das ondas. Quando se coloca um obstáculo entre elas, essa energia não se dissipa e pode aumentar o poder da água de carregar ainda mais sedimentos."

Ciclones

As águas ficarão mais agitadas até setembro, o que pode contribuir para a ocorrência de ressacas. Segundo o meteorologista Mar­­celo Brauer, do Instituto Tecno­­lógico Simepar, nessa época do ano é frequente a passagem de ciclones extratropicais pela Região Sul. Os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão que se formam em alto mar e costumam deixar as águas agitadas. O meteorologista alerta que o fenômeno é considerado comum e não tem ligações com o El Niño ou mudanças climáticas.

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