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Segundo o Iphan, o trânsito de veículos no centro histórico de Paranaguá danifica a estrutura dos imóveis antigos | Bianca Marchini/Gazeta do Povo
Segundo o Iphan, o trânsito de veículos no centro histórico de Paranaguá danifica a estrutura dos imóveis antigos| Foto: Bianca Marchini/Gazeta do Povo

Conservação

Cidade segue os passos de Ouro Preto

Paranaguá é a segunda cidade do país em que o Iphan elabora um plano de mobilidade a fim de preservar a paisagem histórica. Ouro Preto, em Minas Gerais, foi a primeira a ser beneficiada. O centro histórico do principal município do litoral paranaense é um bairro com características especiais, abrangendo uma grande área às margens do Rio Itiberê.

Com casas típicas da colonização portuguesa do fim do século 19, o centro concentra grandes e importantes monumentos históricos do Paraná. Em um dos espaços tombados estão a Igreja de São Benedito, a primeira igreja construída na Região Sul do Brasil, entre 1600 e 1650, por escravos negros devotos; a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, edificada em 1578 e marco central do povoado e da Vila de Paranaguá; e o Museu de Arqueologia e Etnologia, arquitetura do século 18, usado como Colégio dos Jesuítas.

A importância do legado histórico de Paranaguá levou o Iphan a tombar toda a região central em dezembro do ano passado. Foi a segunda cidade do estado a receber essa honraria. A primeira foi a Lapa, em 1998.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o centro histórico de Paranaguá, no litoral do estado, pode se ver livre da circulação de veículos em breve. É o que prevê o Plano de Mobilidade do Centro Histórico, cujo objetivo é preservar o casario antigo e aumentar a circulação de pedestres nas centenárias ruas de paralelepípedos. A ideia, porém, encontra resistência entre comerciantes, que temem perder clientes com a restrição aos carros. Segundo o superintendente do Iphan no Paraná, José La Pastina Filho, o projeto visa estimular o turismo na cidade e está em fase final, devendo ser concluído até o fim do mês que vem. Além de fechar as ruas ao trânsito, o Iphan pretende readequar o calçadão do centro, melhorando o acesso de pedestres, o que hoje não ocorre por causa de ruas estreitas e de difícil locomoção.

La Pastina afirma que a restrição de veículos no centro de Paranaguá irá favorecer o comércio devido à maior circulação de pessoas. "É muito melhor que as pessoas andem pelo centro, assim elas terão um contato direto com o produto e a visualização de preço", diz.

A preservação do conjunto histórico é uma das principais preocupações do Iphan. Segundo o superintendente, o trânsito pesado causa vibração no solo, atingindo diretamente os alicerces das antigas construções, prejudicando o casario histórico. "Os veículos estão cada vez mais pesados, por isso a nossa grande preocupação em relação ao trânsito", diz.

Para o presidente da Associa­ção de Moradores do Centro, Luiz Afonso Silveira, a restrição da passagem de veículos é bem-vinda. "A circulação das famílias com crianças será muito mais segura. Os moradores não serão prejudicados, pois terão livre acesso às residências com seus veículos", explica.

Já o comerciante Cláudio César, 52 anos, que reside há mais de 20 anos no centro, afirma ser totalmente contra o fechamento das ruas. "A meu ver, a Rua Faria Sobrinho até a altura da Rua Alberto de Abreu não tem nenhum prédio histórico. Acho que seria uma estupidez prejudicar uma via de circulação de veículos."

Histórico

Há 30 anos, o mesmo impasse ocorreu na Rua Hugo Simas, também no centro de Paranaguá. Com uma via estreita e sem estacionamento, os comerciantes decidiram pelo seu fechamento. Hoje é um dos locais de maior circulação de pedestres na região central da cidade. A empresária Fátima Omar diz que, na época, a rua era pouco movimentada e depois, com o fechamento, tudo melhorou. "Para nós, o comércio melhorou muito, só falta uma atenção para a manutenção do calçadão", diz.

Para o presidente da As­­sociação Comercial e Agrícola de Paranaguá Yahia Hamud, os comerciantes só irão aprovar o projeto caso sejam realizadas medidas sensatas para não prejudicar o comércio da região. Totalmente a favor de uma revitalização no centro histórico, ele afirma que a associação é contra o fechamento de qualquer via pública. "Estamos de vigília em relação a esse projeto. Temos recursos para impedir esse fechamento", diz.

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