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Rua é marco da Curitiba metálica

A Rua 24 Horas foi a primeira das três estruturas em tubos metálicos que viriam a dar notoriedade nacional a Curitiba na década de 1990. "Foi uma inovação e um grande desafio", lembra a arquiteta Célia Regina Bim, co-autora do projeto ao lado de Abraão Assad e Simone Soares. Depois vieram a Ópera de Arame e o Jardim Botânico, que se consolidaram como importantes pontos turísticos da capital. Os guias de turismo passaram a apresentar a Rua 24 Horas como "a síntese da cidade do futuro, que não dorme".

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Lojistas lamentam despejo

A comerciante Jurcéia Abreu Dalla Vechia vive uma dualidade quase incompreensível desde que recebeu o aviso para abandonar a loja 29 da Rua 24 Horas. Está feliz com a revitalização pela qual tanto batalhou, mas se enche de tristeza por ter de sair exatamente quando as mudanças para melhor vão acontecer. Jurcéia alugou a loja há 10 anos, numa época em que o lugar ainda não estava depreciado. A maioria das 32 lojas foi fechando uma a uma, até restar apenas nove. Agora, a triste constatação: "Minha empresa vai morrer", lamenta Jurcéia.

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Finalmente a Rua 24 Horas ganhará uma reforma digna do cartão-postal em que se transformou após ser inaugurada, há 15 anos. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) está finalizando o projeto daquela que será a primeira grande reforma no local, já que até agora só houve manutenção com pequenos reparos. Tudo vai mudar, à exceção do desenho arquitetônico e da estrutura metálica. O gerenciamento também terá alterações. Em vez de 32 permissionários, como hoje, haverá apenas um para todo o empreendimento. Os poucos co-merciantes que resistiram às intempéries e ao abandono, porém, não gostaram de ter de sair justamente quando a situação vai melhorar.

A rua será fechada no dia 30 de agosto e só deve reabrir quando já estiver de cara nova, o que deve acontecer dentro de um ano, se o cronograma seguir como planejado. Nos próximos 45 dias o Ippuc conclui o projeto e em mais dois meses a Urbanização de Curitiba SA (Urbs) publicará o edital da licitação pública para a concessão, entre dezembro e janeiro. A prefeitura irá em busca de uma Parceria Público Privada (PPP) e em troca da exploração comercial o vencedor da licitação arcará com os custos, inicialmente avaliados em R$ 5 milhões.

Segundo a Urbs, já há cinco grupos empresariais interessados na concorrência pública da Rua 24 Horas. Na avaliação da supervisora de planejamento do Ippuc, Célia Regina Bim, esta é uma obra para oito meses pelo menos, por causa da cobertura de vidro, cujas peças terão de ser feitas sob medida. A promessa é de que este seja o renascimento da Rua 24 Horas, atualmente entregue às baratas e com os comerciantes insatisfeitos.

Estratégia

O Ippuc entende que não adianta pensar apenas na estética do lugar, e por isso reviu junto com a Urbs a estratégia de uso do espaço. Os 32 módulos originalmente concebidos têm apenas 14 metros quadrados cada um, quase um quiosque, o que atrapalhou muitos comerciantes que tentaram se estabelecer. O projeto atual traz novas concepções para a ocupação do lugar. Serão apenas seis tipos de uso: um restaurante, um café, um mercado (pouco maior do que uma loja de conveniências), uma loja de artesanato, uma revistaria e uma farmácia.

O conceito de um lugar para atendimento rápido foi revisto e agora todos os ambientes estão sendo concebidos de forma a fazer com que o usuário permaneça mais tempo, explica a supervisora de planejamento do Ippuc, Célia Regina Bim. Ela foi uma das co-autoras do projeto original, de 1991, junto com os arquitetos Abraão Assad e Simone Soares. No lugar de vários pontos de venda de comida, haverá um único restaurante numa praça de alimentação com culinária diversificada. O interior da praça terá arborização e espelhos d'água. "Para valorizar o momento das refeições", diz Célia. O complexo vai contar ainda com piano-bar e sala de descanso.

A estrutura de arcos metálicos onde desponta o relógio avisando que não existe hora para fechar será pintada de branco ou prata, para deixar o ambiente mais arejado. O piso de granito flameado (antiderrapante) será nas cores preta e branca com lâmpadas especiais embutidas nas faixas laterais ao longo dos 120 metros da rua. Para completar, a iluminação terá a função de valorizar os aspectos arquitetônicos do lugar e vai ser instalada de maneira que possa ser alterada conforme a necessidade do dia-a-dia ou de algum evento especial. No local permanecerá o posto da Guarda Municipal e o caixa eletrônico do Banco 24 Horas.

A parte mais demorada da reforma será com a vidraçaria. Na época do projeto original não havia tecnologia que fizesse curvatura em vidros, o que atualmente é possível e será empregada na nova estrutura. Os vidros atuais são facetados, dispostos em módulos com armações de metal para fazer a curvatura que caracteriza o lugar. Isso tem causado muitos dissabores aos comerciantes, como as infiltrações e os riscos de queda de placas de vidro. Os vidros curvados que serão usados não só corrigirão estes problemas como também vão melhorar a luminosidade no interior da rua.

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