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Tristeza e indignação marcaram o enterro da dona de casa Andréa de Lacerda, 23 anos, encontrada morta na última terça-feira dentro da casa em que morava em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. O corpo foi sepultado ontem à tarde, no cemitério municipal da cidade. "É cruel e revoltante o que aconteceu com minha família", desabafou o autônomo Juliano Saldanha, 25 anos, marido de Andréa, ao lado do enteado de 5 anos, que o chama de pai. "Nunca vou me esquecer do que vi", conta emocionado. Segundo aponta a polícia, a jovem teria sido assassinada pela própria mãe, Tânia Djanira Melo Becker de Lorena, 41 anos, que queria ficar com o neto.

Terezinha Saldanha, ex-mulher do pai de Andréa, Ivo de Lorena, 56 anos, lembra que Tânia "nunca foi uma mãe presente e que sempre demonstrou uma mágoa contra a filha". Terezinha entregou à polícia uma gravação de celular onde, segundo ela, Tânia lhe oferecia a neta de 9 meses por R$ 2 mil. "A Andréa eu mato. Não tenho interesse em J. (9 meses), só em L. (5 anos)." Na opinião de Terezinha, o padrasto da vítima, Éverson Luiz Cilian, 31 anos, é quem deve ter sido o responsável pelo crime. Ela diz que, em certa ocasião, Tânia contava que Andréa se negava em lhe dar o neto. "Se me der o L., tudo bem. Se não, eu mato ela. Você não faz isso por mim, paixão?", teria perguntado a Cilian. Essa frase teria sido ouvida por várias pessoas da família. Tânia e o marido continuam desaparecidos e são procurados pela polícia.

O crime

"Na noite de segunda-feira, eu voltei para casa preocupado por não ter encontrado Andréa. Tentei dormir, mas não consegui", conta Saldanha. Apenas na terça-feira à noite, ele viu o corpo da mulher embaixo da cama, enforcado com um fio de luz, com machucados no rosto e na boca, e escoriações nas mãos. "Acredito que ela tentou se defender." A polícia encontrou no local uma bolsa com mais fios de luz, sacos de embalagem, plástico e luvas.

Segundo uma vizinha, que não quis se identificar, ela foi avisada no meio da tarde de segunda-feira que um caminhão iria fazer a mudança da filha, pois ela não estava bem e precisava ser hospitalizada. Ela não estranhou, pois todos sabiam na vizinhança que Andréa teria que se submeter a mais uma cirurgia, decorrente do acidente de moto sofrido em 2003. O plano estava meticulosamente armado.

Por volta das 17 horas, Tânia chamou o neto e pediu que fossem telefonar. Avisou ao menino que iria pedir um carro, a fim de levar Andréa para o hospital. Ao retornar para casa, o menino ficou assistindo televisão, enquanto a avó arrumava as malas. Saldanha conta que roupas, documentos e fotos foram levados pelo casal. "A intenção era me despistar, levar o neto e sumir com o corpo", lembra ele. A sogra e o marido conseguiram fugir.

Perseguição

Segundo testemunhas, a trágica disputa familiar começou muito antes de que Andréa e Saldanha, junto com os dois filhos, se mudassem para Quatro Barras. Há um mês, o casal resolveu sair de Carambeí (na região do Campos Gerais) para vir morar próximo à família de Andréa. Casados há dois anos, ele lembra que a mulher sempre teve medo do que a mãe poderia fazer com o filho de 5 anos, protagonista de uma briga na Justiça, em 2003. "Vivíamos fugindo." Tânia, devido a proximidade, estava seguidamente procurando a filha, o que não era de agrado da jovem, segundo a família. Mal sabia Andréa que a história terminaria em tragédia.

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