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Quatro anos depois da campanha eleitoral, o perito Ricardo Molina, um dos maiores especialistas do Brasil em gravações de áudio, ainda afirma sem medo de errar: a fita em que o então candidato Roberto Requião dizia estar disposto a firmar um "pacto com o diabo" para vencer a eleição era verdadeira. "Falar que aquilo era falso foi absurdo. Não houve qualquer dúvida sobre a autenticidade da gravação", disse Molina, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

Professor da Universidade de Campinas (Unicamp), ele afirma que o laudo feito por ele foi simples e conclusivo. "Comparamos o padrão de voz da fita com outras gravações do Requião e constatamos que a voz era dele mesmo. Depois verificamos se havia sincronia perfeita entre o vídeo e o áudio, para ver se houve dublagem, e constatamos que não havia nenhuma assincronia. Portanto era uma gravação autêntica", explica.

Na época, o perito criminal aposentado Ari Fontana garantiu que a fita era uma montagem no programa eleitoral do PMDB. "Dizer é fácil. Ele nunca explicou com evidências como teria sido feita essa montagem", diz Molina.

Principal prejudicado com a perícia feita por Fontana em 2002, o senador Alvaro Dias, então candidato pelo PDT e adversário de Requião na eleição, recebeu sem surpresa a prisão do ex-diretor geral do Instituto de Criminalística. "Já sabíamos dos antecedentes criminais desse cidadão. Ele foi utilizado para enganar a população do Paraná apresentando um laudo falso e como prêmio dirigiu durante três anos e meio um órgão importante do estado", afirma.

Dias lembra que, na época, o Tribunal Regional Eleitoral determinou que a gravação fosse excluída do programa na TV. "O tribunal preferiu dar crédito a alguém que já estava denunciado (por suposta participação em um homicídio) em detrimento de um laudo fornecido pelo especialista Ricardo Molina", lamenta.

Cético com relação aos desdobramentos da prisão, o senador espera apenas que a divulgação do caso sirva de alerta à população. "Espero que fique a lição, porque os prejuízos que eu sofri são irrecuperáveis", afirma Dias.

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