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Governador associou graduação de PMs à insubordinação | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Governador associou graduação de PMs à insubordinação| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Após a polêmica declaração sobre a formação superior de policiais militares – o que geraria insubordinação –, o governador do Paraná, Beto Richa, apresentou um novo discurso. Ontem, Richa comentou que foi mal interpretado e que o objetivo, na verdade, era evitar preconceito contra quem quer entrar na Polícia Militar mesmo sem ter o diploma de graduação.

A declaração polêmica do governador foi dada em entrevista à rádio CBN na quinta-feira. Naquela oportunidade, o chefe do Executivo disse que "uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior". As palavras do governador foram uma resposta às associações que representam os policiais e que pediam a exigência de curso superior para a categoria. O governador disse que suas palavras foram descontextualizadas. Segundo ele, o objetivo era evitar que houvesse preconceito e restrição com aqueles que não possuem graduação. Richa disse ainda que a não exigência de curso de graduação partiu de um corpo técnico do estado que fez estudos sobre o assunto e que pesquisas feitas em dois estados que têm essa exigência revelaram que o sistema não deu certo, sem citar quais seriam esses estados.

O governador não entrou em detalhes sobre a referência à insubordinação, mas afirmou que vai estimular dentro da corporação que os policiais passem pelo curso de bacharel em Segurança Pública da Academia Militar do Guatupê.

Versão dos PMs

A declaração do governador gerou insatisfação entre os policiais. O presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), coronel Eliseu Furquim, afirmou que Richa foi "infantil" na declaração. "Os que apoiam essa postura são os que ainda têm medo de progredir", completou.

O presidente da Asso­­ciação da Classe Policial do Paraná (Ascepol), cabo Carlos Lima, disse que a visão do governador desestimula os membros da corporação. "Os policiais sentem que o governador os quer ‘burros’ com essa declaração". Lima afirmou que cerca de 40% dos que ingressam na corporação já têm graduação.

As associações vão pedir, na próxima quarta-feira, o apoio dos deputados estaduais para que haja um repúdio formal à declaração de Richa. À noite, os policiais devem realizar uma mobilização em frente do Palácio Iguaçu.

Capacitação

Carlos Lima afirmou que o objetivo da exigência de qualificação superior para PMs é garantir mais capacidade para gerir as situações com a população. "Precisamos de policiais melhores para dar qualidade de vida à população", diz.

A preparação para o serviço de segurança nas ruas, entretanto, não é algo garantido com o diploma de curso superior, de acordo com o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Pedro Bodê. "Não pode ser qualquer curso. É preciso avaliar qual graduação seria mais adequada", afirma.

Para o coordenador de pós-graduação em Segurança Pública do Unicuritiba, Al­gacir Mikialovski, o diploma agrega qualificação ao profissional. "Esse é um processo pelo qual passou a Polícia Federal e que foi muito positivo", diz.

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