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Luciana reprovou no teste de memória, refez avaliação e passou | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Luciana reprovou no teste de memória, refez avaliação e passou| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Testes cada vez mais rigorosos têm aumentado os índices de reprovação na avaliação psicológica para obtenção da carteira de motorista no Paraná. Em 2012, a taxa chegou a 4,7% das avaliações psicológicas feitas pelas clínicas credenciadas ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), 80% maior que no ano anterior. Em Curitiba, o número de reprovados dobrou (veja infográfico ao lado).

A maioria das reprovações não representa inaptidão permanente. Pelos dados do Detran, em 2012 apenas dez pessoas foram declaradas completamente inaptas para dirigir na avaliação psicológica e outras 29 mil foram consideradas "inaptas temporárias", quando há necessidade de refazer um ou mais dos testes da avaliação.

Chefe da Divisão Médica e Psicológica do Detran do Paraná, Gustavo Fatori reconhece que os exames estão mais rigorosos e isso interferiu no aumento de reprovações. "A avaliação era composta por raciocínio lógico, personalidade e atenção – esta desdobrada em dois testes. Em 2012, seguindo as determinações do Conselho Nacional de Trânsito, passamos a contar com a avaliação de memória e de mais um teste de atenção. Também intensificamos a fiscalização nas clínicas que realizam as avaliações."

A psicóloga Renata Wec­­ker­­lin, que trabalha na área de trânsito em Ponta Grossa, também atribui o aumento das reprovações ao rigor da avaliação. O estado emocional pode influenciar no desempenho. "Já tivemos caso em que a pessoa veio correndo de um velório. É claro que um fato como esse vai impactar na avaliação e a pessoa acaba reprovando em um teste ou outro."

Antes, a avaliação psicológica começava com um teste coletivo e depois o candidato ia para uma entrevista individual com o psicólogo. Se reprovado, fazia o reteste. "Desde dezembro, a entrevista individual é a primeira etapa e os testes coletivos são realizados depois. Se houver reprovação, o candidato refaz os testes em que teve dificuldade num novo encontro individual com o psicólogo."

A avaliação psicológica é necessária para analisar se o candidato a motorista está preparado para as situações de pressão e perigo que poderá enfrentar nas ruas. "Os testes psicológicos também deviam fazer parte do processo de renovação da habilitação. É impossível prever o comportamento de uma pessoa pelo resto da vida."

O peso da individualidade

A estudante Luciana Ro­­drigues Silva, de Ponta Gros­­sa, fez o processo de habilitação em Curitiba, onde fazia cursinho. Reprovou no teste de memória. Depois da entrevista com a psicóloga, precisou pagar outra taxa e retornar à clínica para refazer o teste. Passou e recebeu a carteira de habilitação. "Ao mesmo tempo em que é uma avaliação necessária, o controle excessivo deixa dúvidas. Se você foi declarado inapto a dirigir [num primeiro momento], não faz sentido que em outro teste você seja apto", comenta.

Para Gustavo Fatori, os testes levam em consideração as características do indivíduo, como faixa etária e escolaridade. Duas pessoas com formações ou idades distintas podem ter desempenhos bem diferentes num exame parecido. Desde dezembro, o tempo do reteste foi ampliado. "Antes, a pessoa tinha um limite de meia hora para fazer o reteste e, caso precisasse de mais tempo, marcava mais um ou até mais retestes com duração máxima de meia hora. Agora o reteste pode durar até 120 minutos." A taxa do teste é de R$ 137,86 e cada reteste custa R$ 68,93.

A auxiliar de serviços gerais Valdivina Batista, de Ponta Grossa, reprovou na avaliação psicológica em 2010 e precisou fazer três retestes com a psicóloga. A reprovação foi um dos problemas que a impediram de tirar a carteira. O processo de habilitação (com limite de um ano) terminou sem que ela tivesse passado no exame prático. "Os critérios da avaliação psicológica não me pareceram muito claros e eu ficava mais desanimada a cada reteste. Isso influenciou no meu desempenho."

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