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“Esses ataques do tráfico são como uma febre. As incursões da polícia são um antifebril, mas depois será preciso passar por um tratamento.”
José Vicente da Silva Filho, coronel e ex-secretário nacional da Segurança Pública | Juca Varella / Folhapress
“Esses ataques do tráfico são como uma febre. As incursões da polícia são um antifebril, mas depois será preciso passar por um tratamento.” José Vicente da Silva Filho, coronel e ex-secretário nacional da Segurança Pública| Foto: Juca Varella / Folhapress

A reação das forças de segurança aos ataques de criminosos no Rio de Janeiro até agora foram bem-sucedidas, mas, e depois, o que deve ser feito? Para o ex-secretário Nacional da Segurança Pública, coronel José Vicente da Silva Filho, será necessário melhorar o treinamento das polícias, aumentar os salários dos agentes e ampliar a ostensividade nas ruas, dentro de um plano estratégico no estado e no país. "Esses ataques são como uma febre. As incursões da polícia são um antifebril, mas depois será preciso passar por um tratamento", compara. Para ele, a política de segurança pública embasada apenas nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) pode não ser mais suficiente daqui por diante.

Segundo o coronel, é preciso pensar em uma forma mais eficaz de retirar as armas dos criminosos.Ele diz que não há como pensar em melhoria de qualidade de vida no Rio sem cuidar do aparato de segurança. "O Paraná, por exemplo, é um estado considerado com boa qualidade de vida, mas teve um descuido nos últimos anos com a violência."

Além da preocupação com a polícia, na avaliação dele, será necessário elaborar um plano coordenado dentro do sistema prisional e ampliar o rigor para os líderes do tráfico. "Há uma liberdade muito grande para os presos. Os de segurança máxima têm permissão para visita íntima", comenta.

Segundo Silva Filho, a tendência agora, depois da chegada dos policiais federais e de soldados do Exército nas ações no Rio, é a parada dos ataques. "Mas tem que continuar a ocupar as áreas (com as UPPs)", ressalta.

Migração

O ex-secretário nacional não acredita em migração dos criminosos cariocas para outros estados. De acordo com ele, os traficantes não têm as estruturas de máfias como a italiana ou a japonesa para se movimentar facilmente. "Não são quadrilhas organizadas. São bandos", afirma. Para ele, se esses criminosos fossem realmente organizados não confrontariam a polícia. "Isso atrapalha os negócios", ressalta.

Já o coronel da reserva de Minas Gerais, Isaac de Souza, acre­­­dita que há possibilidade de migração. Porém ele explica que as polícias estão preparadas para receber criminosos de outros estados, caso o fenômeno ocorra. "Quando há uma ação como essa no Rio, eles deixam o local para procurar outro", explica.

Para o titular da Divisão Esta­dual de Narcóticos do Paraná, delegado Renato Figueiroa, não há nada de concreto sobre migração do crime que possa causar preocupação. "Mas tem que ter acompanhamento contínuo dos líderes dessas organizações", afirma.

Colaborou Gabriel Azevedo

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