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Durante palestra na reunião da SBPC, o físico Luiz Pinguelli Rosa criticou o custo-benefício da usina nuclear de Angra 3: “É uma obra cara demais”, disse | Antônio Cruz/AGBr
Durante palestra na reunião da SBPC, o físico Luiz Pinguelli Rosa criticou o custo-benefício da usina nuclear de Angra 3: “É uma obra cara demais”, disse| Foto: Antônio Cruz/AGBr

O físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pes­­quisa de Engenharia (Coppe), ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu ontem a exploração dos rios brasileiros como fonte renovável, sob o argumento de que eles têm vantagens comparativas em relação a outras formas de geração de energia elétrica. Rosa foi um dos palestrantes no último dia da 63.ª Reunião Anual da Sociedade para o Progresso da Ciência (SBPC), em Goiânia (GO). As informações são da Agência Brasil.Segundo especialistas, o país tem o maior potencial hidrelétrico do mundo (especialmente na Amazônia); a tecnologia dura mais que as usinas eólicas e solar; a construção emite menos gases que as usinas movidas a carvão, óleo ou gás; e o custo é menor do que o da usina nuclear. Rosa calcula que a construção da Usina Nuclear Angra 3, no litoral do Rio de Janeiro, terá um custo final de US$ 5 mil por quilowatt gerado, cinco vezes mais do que o custo do quilowatt da hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Rio Xingu (PA). Para ele, após os incidentes em usinas nucleares no Japão, causadas por um tsunami, o país deve repensar a construção de usinas nucleares. Há previsão de construção de mais quatro usinas.

Embora tenha alto potencial elétrico e haja grandes projetos em andamento (além de Belo Monte, há os projetos das usinas Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira, em Rondônia), a participação da energia hidrelétrica diminuirá no conjunto das fontes de energia geradas no país, projeta Rosa. A participação deverá ser de 71% em 2015 – 8,3 pontos percentuais a menos do que era em 2010. Segundo o físico, o uso de energia eólica crescerá de 0,8% para 3,8% de participação, mas também haverá aumento das usinas poluentes movidas a carvão, a óleo e a gás.

Falta de acordo

Na opinião de Rosa, o governo falhou ao não chegar a um acordo com a sociedade sobre os termos para construir Belo Monte. Rosa disse que o empreendimento se transformou "em um problema mal resolvido". De acordo com o físico, Belo Monte não terá um impacto tão grande quanto tem sido mencionado. "O governo deveria ter consultado a sociedade", disse.

Mais de uma dezena de ações do Ministério Público contestam o empreendimento – maior obra em andamento no país – na Justiça. Promotores e procuradores questionam fundamentalmente a tramitação do licenciamento ambiental. O lago da usina afetará índios e populações tradicionais da região no Oeste do Pará. Segundo a Constituição, o Congresso Nacional só poderia autorizar a obra após consultar os indígenas.

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