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Apreensões de cocaína estão mais frequentes em Foz | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Apreensões de cocaína estão mais frequentes em Foz| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

O aperto na fiscalização antidrogas na Região Norte do país levou traficantes a elegerem a fronteira de Foz do Iguaçu com Ciudad del Este, no Paraguai, como a nova rota do tráfico de cocaína. Somente neste ano, 977 quilos de cocaína e pasta base foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu. O total já ultrapassa o equivalente ao apreendido em todo ano de 2013, 682 quilos.

A droga deixa os países produtores, Bolívia, Peru e Colômbia, entra no Paraguai pela Região Norte até ser trazida para Ciudad del Este, via terrestre. Diferentemente do que ocorre com a maconha, o principal ponto de passagem da cocaína para o Brasil é a Ponte da Amizade, ligação entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, onde o trânsito de veículos e pessoas é intenso: 42,7 mil pessoas e 17,8 mil veículos ao dia, no sentido ida e volta, o que obriga fiscais da Receita Federal e agentes da PF a adotarem o sistema de amostragem para fazer averiguações. Outros locais de apreensões rotineiras são os postos de fiscalização situados ao longo da BR-277.

Transportada em pequenas quantidades, em remessas de 20 a 30 quilos, a droga geralmente é escondida em fundos falsos de veículos de passeio, motos ou presa ao corpo de pessoas.

Para fazer o transporte, as quadrilhas operam com engenhosidade. Os carros, alguns furtados ou roubados, são preparados em oficinas mecânicas do Brasil e do Paraguai para esconder a droga. Em uma das apreensões, a PF encontrou 317 quilos de pasta base transportada em fundo falso de uma caminhonete. A droga, em tabletes, estava acomodada em gavetas embaixo da carroceria. O veículo era conduzido por um advogado de Medianeira, acompanhado do filho, também advogado.

Carros de luxo também são usados para o transporte da droga, segundo a PF. Com motorista e passageiro de boa aparência, os traficantes tentam despistar os policiais, mas nem sempre são bem-sucedidos. Em uma das apreensões, os policiais interceptaram um veículo Audi Q7, avaliado em R$ 500 mil.

"É um tipo de tráfico bem mais refinado do que o de maconha e tem uma estrutura mais elaborada", explica o delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, Ricardo Cubas César. Se o traficante perder a maconha, diz Cubas, não haverá prejuízo. Se for época de colheita, paga-se R$ 50 o quilo da droga no Paraguai para revender a R$ 600 em São Paulo. Já um quilo de cocaína, conforme a pureza, pode valer US$ 5 mil, ou seja, o investimento é muito maior.

Aumento no tráfico de armas também preocupa

No embalo do tráfico de cocaína caminha o de armas. As apreensões de armas de grosso calibre em Foz do Iguaçu estão em alta. O que chama a atenção são pistolas e fuzis, incluindo o 762, privativo do Exército, e o 556. A maior parte é destinada ao Rio de Janeiro e a São Paulo.

No ano passado, a Polícia Federal (PF) tirou de circulação 97 armas e 21.722 munições, incluindo 57 pistolas, 10 fuzis e duas submetralhadoras. Neste ano, até agosto, foram 75 armas, das quais 57 pistolas e cinco fuzis. O número de munições já chegou a 39.996.

Algumas armas são novas e importadas dos Estados Unidos. Há também armas usadas compradas a preços baratos de países da América Central, com 30 ou 40 anos de uso, incluindo fuzis AK-47. As armas são encontradas em meio a carregamentos de maconha, em caminhões ou escondidas em veículos.

O tráfico é estimulado pela venda livre em Ciudad del Este, onde não se respeita a legislação. Para comercializar armamento, os comerciantes precisam ter licença da Direção de Material Bélico (Dimabel). Só é permitida a venda de armas para caça, mas o que se vê nas lojas é um comércio clandestino de todo tipo de armamento.

Parte do que entra como produto do tráfico no Brasil abastece organizações criminosas e as próprias quadrilhas que estão cada vez mais aparelhadas para enfrentar a polícia na fronteira. "As quadrilhas estão perdendo o medo e partindo para o confronto", diz o delegado chefe da PF, Ricardo Cubas César. Para ele, é preciso uma política ou convênio de troca de informações com o Paraguai para coibir a compra de armas por parte de brasileiros.

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