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Numa viela escondida da invasão Terra Santa, no Tatuquara, uma mulher de 27 anos, dependente química e mãe de quatro filhos, lamenta a saudade de seu caçula, um bebê com menos de um mês de vida que foi levado para um abrigo quatro dias depois de nascer, na rua. "Eu conversei com Deus e entendi o que Ele fez. Ele pensou ‘vou pegar essa criança para ver se ela [a mãe] muda’. Estou decidida a viver como gente, parar com aquilo que eu fazia (usar drogas), porque eu não vejo a hora de ter meu filho de volta", promete Eva à equipe do Conselho Tutelar do Pinheirinho.

Eva recebe as recomendações da conselheira tutelar Terezinha Mayer: vai ter de procurar atendimento em um posto de saúde, entrar para um programa de recuperação e provar que merece criar o filho. Encontrar a mãe, ex-moradora de rua, conseguindo articular uma frase e se mostrando disposta a mudar de vida pode ser considerado um saldo positivo em uma rotina marcada por histórias tristes. "Nosso dia-a-dia não é fácil. Tem vezes em que as coisas parecem ter se encaminhado e quando você volta para ver, tudo regrediu. A gente não desiste, senta e analisa o que pode ser feito. Os bons resultados compensam", avalia Terezinha.

A rotina de um conselheiro tutelar inclui trabalho no horário comercial, dentro e fora da sede regional do conselho, e escalas de plantões 24 horas. "A pessoa tem de estar pronta para ficar disponível, porque às vezes a gente é chamada no plantão e passa a noite fazendo um atendimento", conta a conselheira Francieli Cristina Schzimgel, do Boa Vista.

O conselheiro tutelar é responsável por fazer a proteção e garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Eles recebem denúncias de vizinhos, escolas, postos de saúde e dos próprios familiares que observam as crianças terem seus direitos violados. São situações de violência familiar, falta de saneamento, escola e atendimento de emergência, entre outras. "Lidamos com situações extremas, porque geralmente quando um caso chega até nós é porque já passou do limite. Todas as unidades de serviços públicos ou pessoas que têm informações sobre crianças vitimizadas têm obrigação de avisar o Conselho Tutelar. A gente vai checar ou chama a família para esclarecer o que está acontecendo e tomar providências", explica Francieli. (PK)

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