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Ideia é que todas as necessidades básicas de comércio e trabalho possam ser encontradas em um raio de 400 metros | Divulgação
Ideia é que todas as necessidades básicas de comércio e trabalho possam ser encontradas em um raio de 400 metros| Foto: Divulgação

Detalhes

Confira algumas características das construções e da área comum do Quartier:

• Energia: O projeto prevê a instalação de placas solares no teto dos prédios ou uma estação de produção de energia eólica. As lâmpadas deverão ser todas de LED, mais econômicas que as comuns. Com isso, a conta de luz pode ficar até 40% mais barata para os moradores.

• Água: Cada prédio terá um reservatório para a água da chuva. Além disso, haverá opção de consumo reduzido em torneiras, mictórios e sanitários — cada um terá duas opções de descarga, com dois botões: um para três litros e outro para seis. As medidas podem gerar redução de 30% na conta de água de cada morador.

• Temperatura: Uma malha de garrafas PET, instalada entre a parede interna dos apartamentos e a fachada do prédio, manterá a temperatura quente no inverno e fria no verão. O controle também é mantido com telhados e paredes verdes, de grama. Economia de 25% a 30% no uso do ar-condicionado.

• Ruas: As vias internas serão de concreto, em vez de asfalto, porque o material é permeável.

• Construção civil: Toda madeira usada nos prédios deverá ser certificada, evitando a compra de material retirado de forma ilegal do meio ambiente, e com garantia de reflorestamento.

• Descarte de lixo: O lixo deverá ser separado em orgânico, metal, papel, plástico e eletrônico. Os resíduos das coletoras localizadas nas vias públicas do bairro serão levados a uma central de reciclagem própria.

• Reúso: Estação de tratamento deverá abastecer todo o bairro com fornecimento de água de reuso (de chuva).

• Área verde: Dos 30 hectares do bairro, dez serão de mata, que se transformará em parque. As plantas escolhidas serão uma mistura das nativas com espécies que precisam de pouca água.

• Transporte: As vias serão projetadas para dar prioridade a pedestres e ciclistas. Os postes de luz nas ciclofaixas serão mais baixos que os usados nas vias dos carros, cuja velocidade máxima será de 30 km/h.

• Clima: Para ajudar a manter o "microclima mais agradável para a região", como explica o engenheiro civil e diretor técnico da Sustentech Marcos Casado, serão criadas lagoas no bairro.

Outros exemplos

O Quartier não é o primeiro conceito de bairro sustentável do Brasil. Outras comunidades também se destacam na área:

• Ilha Pura – Rio de Janeiro (RJ): Desenvolvido para receber os atletas das Olimpíadas do Rio, vai abrigar 50 mil pessoas e deve ser concluído até maio de 2016. As construções terão painéis solares, coleta de água da chuva e tomadas para veículos elétricos.

• Jardim das Perdizes – São Paulo (SP): Ganhou o certificado AQUA – Bairros e Loteamentos, dado pela Fundação Vanzolini. Apresenta sistema de drenagem que permite que toda a água escoada nas ruas seja reutilizada e iluminação pública em LED.

• Pedra Branca – Palhoça (SC): Começou a ser construído em 2000 e tem 5 mil moradores. As ruas priorizam a bicicleta e o pedestre, com 35 quilômetros de ciclovia e piso elevado nas travessias. Os prédios têm coleta de água, além de oferecer três tipos de plantas, com diferentes preços.

• Bairro Noroeste – Brasília (DF): Em meio a muitas polêmicas, como o fato de ser exclusivo para a classe alta, a última área de ocupação prevista pelo urbanista Lúcio Costa tem espaço para 15 mil moradores e começou a ser construída em 2009. O bairro possui painéis solares e tonéis de coleta de água da chuva.

O município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, terá na próxima década um bairro que promete ser inteiramente sustentável. O Quartier, projeto desenvolvido pelo escritório do urbanista curitibano Jaime Lerner, deve começar a ser construído ainda neste ano e terá uma comunidade de 10 mil habitantes, na qual todas as necessidades básicas de comércio e trabalho possam ser encontradas em um raio de 400 metros. Muito além dos prédios verdes com consumo reduzido de luz e água, a vizinhança é toda planejada para que os trajetos sejam feitos a pé ou de bicicleta.

"É possível criar ilhas de sustentabilidade dentro das cidades. As pessoas podem morar, trabalhar e viver em um só lugar. Em um raio de 400 metros, elas podem ir ao trabalho, ao supermercado, ao cabeleireiro, à padaria, à lavanderia, a tudo", aposta Claudio Teitelbaum, diretor de um dos escritórios de engenharia responsáveis pelo projeto.

Por causa dessa proposta, o bairro não será só residencial. As 3 mil unidades habitacionais deverão ter, no térreo, lojas comerciais. Estão previstos, inclusive, um shopping de rua, um hotel de luxo e um palco coberto de grama para espetáculos ao ar livre.

E o que tem de verde em tudo isso? Primeiro, o próprio projeto. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), o bairro será o primeiro naquele estado a ser certificado pela organização US Green Building Council, por meio do selo "Leed for Neighborhood Development", que comprova que o bairro é sustentável. O título só é concedido se o empreendimento cumpre uma série de determinações: ter boa localização, priorizar transportes alternativos, preservar a natureza, ter construções com consumo reduzido de água e energia, ser um misto de residências, comércio e serviços em que tudo possa ser feito a pé, e fomentar o progresso local.

O investimento inicial é de R$ 40 milhões. Já o preço de cada apartamento ou área comercial ainda não foi definido. O bairro Quartier deve começar a receber terraplanagem e instalações elétricas até o fim deste ano e ficar inteiramente pronto dentro de uma década. O empreendimento ficará dentro do bairro Três Vendas.

Marketing

Cresce procura por certificações de sustentabilidade

Enquanto alguns bairros sustentáveis são desenvolvidos no Brasil, edificações certificadas como sustentáveis são mais comuns no país. O ­marketing que o termo carrega em empreendimentos imobiliários tem atraído cada vez mais construtoras e potenciais moradores. Não é à toa, portanto, que o país já é o terceiro no ranking mundial em edificações que buscam a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). A marca é dada de acordo com o cumprimento de uma série de especificações, e é a mais utilizada no mundo para reconhecer um empreendimento como sustentável.

A procura por certificações desse tipo aumentou. De acordo com a Green Building Council Brasil (GBC Brasil, responsável pelas certificações LEED), a média mensal de edificações certificadas no Brasil foi de 4,5 em 2013, enquanto o primeiro semestre de 2014 já aponta o aumento do número para sete ao mês. Entre as edificações certificadas estão o Colégio Positivo Internacional, em Curitiba; o estádio Mineirão, em Belo Horizonte; e a Ilha Pura, bairro planejado para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

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