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O ouvido humano pode tolerar ruídos até o limite de 85 decibéis. Segundo especialistas, sons acima deste limite podem causar perda auditiva, dependendo do tempo de exposição. "Acima dos 85 decibéis, há perda auditiva se a pessoa ficar exposta por oito horas. Abaixo disso, dificilmente. O que temos é um desconforto auditivo e irritabilidade, cansaço e perda de atenção. São problemas que as pessoas dificilmente conseguem associar ao ruído", diz a fonoaudióloga e professora da Universidade Tuiuti Angela Ribas, que mapeou a intensidade dos ruídos nas vias de ônibus expresso em Curitiba.

Nas entrevistas que fez para sua tese de doutorado, Angela percebeu que as pessoas vêem a poluição sonora como um incômodo, mas não reagem ao problema. "A maioria consegue identificar o ruído como algo negativo, mas não reage", diz. "As pessoas não instalam janelas anti-ruído, não reclamam ou não sabem para quem reclamar. Sabem que o ruído existe, só que esse conhecimento não passou para o campo emocional, tanto do lado da população quanto do lado dos gestores. Está todo mundo acomodado."

Para o presidente da Associação Paranaense de Otorrinolaringologia, Diego Augusto de Brito Malucelli, os níveis toleráveis podem variar de pessoa para pessoa. "Devem ser levados em conta a intensidade de decibéis e o tempo de exposição. Com oito horas de exposição direta a um determinado volume, pode haver perdas. É um processo cumulativo." De acordo com Malucelli, no entanto, a maioria dos casos de perda auditiva ainda está ligada a patogologias ou a fatores hereditários.

Se não causa perda imediata de audição, o barulho pode levar a outros problemas. "(O barulho) afeta o nível de estresse, que vai se acumulando. A tensão e a ansiedade aumentam e isso começa a repercutir no corpo inteiro", explica o psiquiatra Dagoberto Hungria Requião. "No momento em que o indivíduo está sob tensão, está com uma sobrecarga em todo o organismo. Há uma diminuição da resistência física, ele começa a ter infecções, gripes que não curam, hipertensão arterial e problemas gástricos. A ansiedade é como água contaminada: onde você mexer com ela vai contaminar."

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