Rumo da greve da Sanepar será definido hoje em assembléias

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A greve dos funcionários da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), iniciada ontem, ganhou a adesão de 62% dos 6.089 trabalhadores da empresa no estado. O destino do movimento será definido a partir das 10 horas de hoje, em assembléias em que os grevistas discutirão a nova proposta da Sanepar, apresentada ontem, e decidirão se continuam ou não com a paralisação. Londrina é exceção: o movimento se mantém pelo menos até segunda-feira, quando acontece a reunião.

No fim da tarde de ontem não era possível prever qual seria a postura dos funcionários nas assembléias de hoje. "A divisão entre a categoria é muito grande. Eu não arriscaria nenhuma opinião", afirma o coordenador da União dos Sindicatos de Trabalhadores da Sanepar (USTS), Gerti José Nunes.

Negociações

Depois de uma tentativa de acordo frustrada entre representantes dos trabalhadores, Sanepar e Ministério Público, na última terça-feira, deu-se início à greve espalhada pelo estado. Paralisações locais já vinham acontecendo em algumas cidades desde segunda-feira. Ontem, funcionários e diretores da estatal voltaram a se encontrar em Curitiba e uma nova proposta de reajuste salarial foi apresentada.

Além da reposição de 3,12% da inflação do último ano, a Sanepar oferece uma bonificação de R$ 55 para toda a categoria – o que corresponde a uma correção salarial variando entre 11,56% e 3,77%, de acordo com o ganho mensal atual dos empregados. Na oferta anterior, o reajuste ficava entre 7,59% e 3,72%. "Eu senti uma boa aceitação. A greve não deve continuar. Acredito que amanhã acabe", avalia o diretor comercial da Sanepar, Natálio Stica.

O coordenador da USTS vê a nova oferta como um avanço nas negociações. "Apesar da proposta estar muito aquém do que a gente está pedindo, entendemos que houve um momento de negociação, o que estava enterrado", diz Nunes. A reivindicação dos grevistas era um reajuste salarial de 20% referente a perdas da categoria anteriores a 2003. Stica acredita que o acordo proposto pela Sanepar é melhor que qualquer solução que venha a ser apontada em um dissídio coletivo, caso a greve continue. "No dissídio, a gente não sabe o que pode acontecer", considera.

Abastecimento

A adesão dos trabalhadores à greve atingiu quase todo o estado ontem, com manifestações em frente às sedes da Sanepar. Enquanto, de acordo com os sindicatos, 60% dos funcionários de Foz do Iguaçu e 85% de Cascavel cruzaram os braços, o trabalho na região de Ponta Grossa e em Telêmaco Borba foi normal. Segundo a representante do sindicato dos empregados na região, Josiane de Oliveira, os 200 servidores aguardavam o resultado da reunião que acontecia em Curitiba. Em Maringá e em Londrina, cerca de 300 trabalhadores, no total, uniram-se ao movimento.

Apesar da adesão da maioria dos funcionários em grande parte dos municípios do estado, os serviços essenciais – como abastecimento, coleta e tratamento de água – foram mantidos ontem em todo o Paraná. Mas o atendimento ao público, a fiscalização de obras, a leitura de hidrômetros e a entrega de contas acabaram afetadas em algumas cidades. Entretanto, o fornecimento de água não está garantido para os próximos dias caso a greve se mantenha. "Os trabalhadores não querem trazer prejuízo à população, mas não podemos garantir que isso não aconteça", afirma Nunes. Em Campo Mourão, por exemplo, o abastecimento pode ficar comprometido a partir de domingo se os 40 funcionários que ainda trabalham aderirem à greve.