• Carregando...

BRASÍLIA - A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) protocolou ontem na Procuradoria-Geral da República (PGR) denúncia contra o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, por crime de responsabilidade. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a senadora afirma na denúncia que Minc ofendeu os agricultores ao participar do Grito da Terra, na semana passada.

Além da denúncia na PGR, Kátia Abreu encaminhou pedido de demissão do ministro à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. "O ministro dirigiu-se ao carro de som, assumiu o microfone, passou a proferir ataques, insultos e impropérios direcionados aos produtores do setor rural", alega. "O presidente não pode permitir que seus ministros ataquem qualquer categoria, qualquer cidadão. Isso é preconceito. E preconceito é crime."

Durante o Grito da Terra, o ministro chamou os proprietários rurais de "vigaristas" ao afirmar que os ruralistas "fingem defender a agricultura familiar".

"Ele deve tratar assim quem ele convive bem, que é com o narcotráfico dos morros do Rio de Janeiro", ataca o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO). Dizendo-se estarrecido com a "virulência e o baixo nível" das palavras de Caiado, Minc reagiu à denúncia. "O fato de os ruralistas estarem preocupados com a minha permanência do ministério me faz achar que estou no caminho certo", rebate. "Podem me insultar e pedir minha cabeça que vou continuar governando, vou continuar coibindo os vossos crimes ambientais."

O ministro atribuiu a denúncia ao desespero dos ruralistas. "Essa tensão começou quando impedimos eles [os ruralistas] de esquartejar a legislação brasileira e conseguimos refazer o acordo histórico entre a agricultura familiar e os ambientalistas", argumenta. "A CNA perdeu uma margem que ela tinha de manobra, eles estão desesperados e querem me tirar do governo."

Minc disse que os ruralistas não mandam no país e por isso não determinam quem entra ou sai do governo. "Que me conste, o Brasil é comandado pelo presidente Lula, e não pelos ruralistas", lembra. "Aliás, se estivesse sendo comandado pelos ruralistas, não ia ter Bolsa Família, ia ter Bolsa Latifundiário."

O ministro, porém, disse que vai procurar a CNA para tentar entrar em um acordo, mas ressaltou que a agricultura familiar terá maiores benefícios.

Minc chegou a divulgar nota oficial para afirmar que não teve a intenção de insultar a bancada ruralista. "Não mencionei qualquer nome, não ofendi qualquer pessoa", alega. "Alertei sobre o risco de manipulação da agricultura familiar pelos grandes com o objetivo de usá-los como massa de manobra contra as proteções ambientais."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]