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São Paulo – As entidades ruralistas estão se movimentando para intensificar as denúncias por crimes e cobrar das autoridades mais ações judiciais contra os líderes dos sem-terra. Um dos principais articuladores desse movimento é o deputado federal e proprietário rural Abelardo Lupion (PFL-PR), que acaba de ser eleito para a presidência da Comissão de Agricultura da Câmara. Na opinião dele, há por todo o país uma situação de conivência com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). "Isso representa uma ameaça ao estado de direito. É preciso reagir", afirma o deputado. "O MST, que já tinha sido combatido de maneira tímida no governo de Fernando Henrique Cardoso, agora está se sentindo em casa, porque conta com a conivência do atual governo, que o apóia."

Quanto à tese apresentada pelos advogados dos sem-terra, de que o objetivo real da campanha dos ruralistas é criminalizar os movimentos sociais, o deputado é incisivo. "Não se pode chamar de movimento social a invasão de propriedades, a destruição de casas, queima de tratores, ataque a laboratórios, pesquisas genéticas. Isso é terrorismo." À frente de uma das comissões mais influentes do Congresso, Lupion está convencido de que o objetivo do MST não é a reforma, mas sim a conquista do poder político. "É um movimento bem orquestrado para desestabilizar a produção e conquistar o poder", afirma. "Estão criando uma nova geração de líderes, mais agressiva, num jogo ideológico pesado e financiado com recursos do exterior. Só os cegos não querem ver."

Na avaliação de representantes dos líderes dos sem-terra, o aumento do número de inquéritos e ações judiciais resulta de um esforço de criminalização dos movimentos sociais. De acordo com o advogado Aton Fon Filho, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, esse esforço está voltado sobretudo contra os dirigentes. "Querem criminalizar os movimentos sociais. Há uma batalha propagandística, articulada com o apoio da imprensa e do Ministério Público, para colar nos dirigentes do MST o carimbo de criminoso", diz o advogado. Ele também afirma que o MST é atacado mesmo quando não está envolvido nas ações.

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