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Mudanças no Samu devem começar entre 60 e 90 dias, segundo a Secretaria de Saúde da capital | Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Mudanças no Samu devem começar entre 60 e 90 dias, segundo a Secretaria de Saúde da capital| Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina

Secretaria quer ampliar o atendimento

Quase metade dos municípios paranaenses (46%) não conta com os serviços do Samu. O governo estadual, em parceria com o Ministério da Saúde, pretende começar a mudar esse cenário ainda neste ano. Além de ampliar o número de ambulâncias de suporte avançado nas cidades, a ideia é implantar o programa em outros municípios.

Segundo o diretor de Políticas de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak, o objetivo é adquirir 163 ambulâncias até o final do próximo ano. Hoje existem 60 veículos que prestam atendimento. Dessas 163 novas ambulâncias, 140 já estão ga­­rantidas pelo governo federal para começar a rodar. "A nossa meta é ter 223 ambulâncias, ao todo", diz.

Ele explica que há também desigualdade na distribuição das ambulâncias. "Muitos veículos ficam concentrados em cidades maiores. E os menores ficam com menos ambulâncias, o que é motivo de reclamações", afirma o diretor. Segundo a Portaria 1.864/2003 do Ministério da Saúde, o Samu deve ter uma ambulância de suporte básico para cada grupo de 100 mil a 150 mil habitantes e uma ambulância de suporte avançado para cada grupo de 400 mil a 450 mil habitantes. "Por isso, há cidades com menos ambulâncias com UTI Móvel", diz Filipak. A previsão do diretor é que neste ano sejam criados os Samus regionais.

"Queremos implantar o Samu Regional em até quatro regiões neste ano. Com isso, será realizada uma divisão para onde serão alocadas as ambulâncias e os municípios que hoje não possuem veículo com UTI Móvel passarão a ter. A meta é ampliar o atendimento para todas as cidades . Se a sede do Samu não ficar no município, ficará mais próxima", acredita Filipak.

A contratação dos profissionais deverá permanecer a cargo dos municípios. Os primeiros Samus regionalizados deverão atender as regiões que abrangem as cidades de Cornélio Procópio, Umuarama, Pato Branco e Paranaguá. (DA)

Serviço recebe críticas, mas também elogios

Usuários do Samu reclamam que nem sempre o atendimento ocorre de forma imediata. "A gente vê que o atendimento não é o adequado. Pessoas ainda reclamam da demora para que o socorro chegue. Para isso melhorar, é necessário investir em infraestrutura. Tem gente que reclama que o atendimento chega a demorar até uma hora", diz o presidente do Conselho Mu­­nicipal de Saúde de Ponta Grossa, Sérgio Doszanet.

Por outro lado, em Londrina, Neusa Ferri, usuária do sistema, acredita que a prestação de socorro ocorre de maneira eficiente. Quando o filho dela se acidentou de moto, a quatro quarteirões de casa, a unidade chegou ao local antes dela. "Eles chegaram rápido. Os vizinhos foram me chamar e quando eu cheguei, ele já estava na ambulância imobilizado por causa da clavícula quebrada", conta.

O diretor de Políticas de Ur­­gência e Emergência da Secre­­taria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak, explica que a demora em determinadas situações se deve à gravidade do trauma. "Se o caso apresentar maior gravidade, o atendimento deve ser feito o mais rápido possível. Se for uma situação que não apresente risco de morte, a recomendação é de que os motoristas não ultrapassem o limite de velocidade", diz. "E há ainda casos em que existe acúmulo de atendimentos no mesmo horário, o que pode atrasar um pouco o socorro." (DA)

Ponta Grossa - A qualidade da assistência nos 15 municípios do Paraná atendidos pelo Serviço de Aten­dimento Móvel de Urgência (Samu) está longe de ser considerada ideal. Número insuficiente de médicos e ambulâncias e baixo investimento, com consequente impacto no tempo de socorro ao pa­­ciente, são as principais deficiências apontadas por gestores e usuários. As dificuldades são reconhecidas pela própria Secre­­taria Estadual da Saúde, que promete tomar medidas para melhorar o atendimento.

Em Castro, por exemplo, que atende 67 mil pessoas, não há nenhum veículo com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel – a única disponível é do modelo básico. Segun­­do a secretária de Saúde da cidade, Maria Lídia Kravuts­­chke, para casos urgentes é preciso emprestar a ambulância com UTI Móvel da 3.ª Regio­­nal de Saúde. "Mas é quase impossível conseguir o carro. Eles atendem 12 municípios e quase sempre o carro está em deslocamento", afirma. A solução encontrada, de acordo com ela, é terceirizar o serviço. "A gente tenta alocar a ambulância de hospitais privados. Caso contrário, ficamos sem atendimento", lamenta a secretária.

Em Ponta Grossa, das quatro ambulâncias do Samu, apenas uma dispõe da UTI. "O ideal seria ter mais uma. E também precisaríamos de, pelo menos, mais uma equipe de suporte básico", afirma o enfermeiro responsável pelo serviço, Paulo Pauluch.

Já em Londrina, onde o Samu passou por problemas recentes com a falta de profissionais em função de uma crise por desvio de verbas, o problema agora é a renovação da frota, desgastada pelo uso. O Samu da cidade tem oito ambulâncias: duas unidades de suporte avançado, quatro unidades de suporte básico e mais duas unidades chamadas "apêndices", que são utilizadas apenas para transporte de pacientes com menor gravidade.

Escassez de recursos

Para manter as duas ambulâncias e um quadro de 18 médicos, 16 enfermeiros, 12 técnicos de enfermagem, nove motoristas e 18 pessoas na Central de Regulação, o Samu de Guarapuava recebe por mês do governo federal R$ 58 mil e R$ 29 mil oriundos do governo estadual. "Para essa estrutura é um orçamento pequeno. Talvez essa seja a nossa maior dificuldade", diz João Guerino Cato, responsável pelo serviço na cidade.

O Samu de Maringá, que atende mais de 362 mil pessoas, passa pela mesma dificuldade. O diretor do serviço na cidade, Ênio Molina, estima que o Samu tenha um custo que varia de R$ 450 mil a

R$ 500 mil por mês. O programa prevê que 50% dos gastos sejam financiados pelo governo federal, enquanto que o estado e os municípios são responsáveis por 25% de contrapartida, cada um. No entanto, as prefeituras acabam gastando mais do que o previsto. "Existem meses em que o incentivo financeiro não dá para cobrir os atendimentos e o município de Maringá acaba colocando quase 50% do valor total", afirma Molina.

A falta de pagamento causou neste ano a interrupção do serviço em Sarandi, no Norte do estado. O corte foi feito em decorrência de uma dívida de R$ 230 mil que a prefeitura tinha desde 2008 com o Samu de Maringá. O município renegociou a pendência e o serviço foi normalizado em junho deste ano.

Colaboraram: Marcus Ayres, da Gazeta Maringá; Dalner Palomo, de Guarapuava, especial para a Gazeta do Povo; Juliana Gonçalves, da sucursal de Londrina; e Fabiula Wurmeister, da sucursal de Foz do Iguaçu.

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