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Se o consumo de água não for reduzido em pelo menos 20% nos próximos 30 dias, o Paraná pode começar a se preparar para um eventual racionamento, de acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). O alerta foi dado ontem, no lançamento de uma campanha estadual para o uso racional da água. A falta de chuvas, desde o início deste ano, e a expectativa de um inverno seco, com previsão de precipitações ocasionais e de forma irregular ao longo do dia, como a de ontem à noite, em Curitiba, agravam o quadro de estiagem. Não há previsão de chuvas significativas até setembro.

A Sanepar, no entanto, coloca o racionamento entre as últimas alternativas consideradas. "Nós vamos fazer um monitoramento dia a dia da situação dos reservatórios para ver como os usuários estão respondendo ao nosso apelo", afirma o presidente da Sanepar, Stênio Jacob. Caso seja mesmo implementado, o racionamento será feito num sistema de rodízio. "A pessoa ficará no máximo 24 horas sem água no período de uma semana", explica o diretor de operações, Wilson Barion. O último racionamento ocorreu em 1998 - na época, o problema não era a estiagem, mas a falta de capacidade de produção que atendesse a demanda.

O consumo atual de Curitiba e região metropolitana é de 20 milhões de metros cúbicos por mês (equivalente a 20 bilhões de litros). A meta, com a campanha da Sanepar, é que o consumo caia para 16 milhões de metros cúbicos por mês, pelo menos durante o tempo da estiagem.

O problema atinge todo o estado, mas especialmente Curitiba e região metropolitana combinam uma demanda intensa de consumo e rios menos caudalosos. Os três reservatórios que abastecem 3 milhões de habitantes nesta região - Piraquara I, Passaúna (localizada em Araucária e Campo Largo) e Iraí (em Pinhais e Piraquara) - estão, em média, trabalhando com apenas 60% da capacidade normal. As três represas juntas têm capacidade para armazenar 129 milhões de metros cúbicos, mas hoje têm apenas 78,5 milhões.

O reservatório do Iraí, responsável por 44% da água acumulada, tem a situação mais grave dentre as três, com apenas 38% da sua capacidade de armazenamento. Lá, o nível da barragem caiu 3,09 metros. Antes disso, o nível mais crítico do Iraí tinha sido registrado em outubro de 2003, quando a queda foi de 2,88 metros. Em Almirante Tamandaré, dois dos dez poços que abastecem a cidade estão secos. Campo Largo sofre com a estiagem do Rio Itaqui. As duas cidades da RMC estão usando água de Curitiba.

A Sanepar descarta a hipótese de falta de investimento. "Ninguém pode controlar o regime de chuvas, que neste ano, aliás, teve um volume bem abaixo da média histórica", diz Barion. Com a construção em andamento das represas Piraquara II e Miringuava haverá um aumento de 62 milhões de metros cúbicos na oferta de água na RMC.

Cidades do interior também sofrem com a seca, especialmente as que dependem de poços, e já começam a sentir o efeito da estiagem. "Os poços são os primeiros mananciais a secar", afirma Barion. Oito localidades do interior têm mananciais em estado crítico: Rio do Salto (distrito de Cascavel), Bairro do França (distrito de Ortigueira), Boa Esperança do Iguaçu, Pranchita, Cantagalo, Catuponga e Poema. Se não chover nos próximos 60 dias, outros 31 municípios podem entrar nesta lista.

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