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Pacientes que aguardaram semanas ou até meses para fazer consultas, realizar cirurgias ou tratamento nas cerca de 80 Santas Casas e hospitais filantrópicos do Paraná tiveram hoje uma desagradável surpresa ao saber que terão de esperar mais um pouco. Boa parte desses estabelecimentos anunciou que irá paralisar suas atividades por 24 horas nesta terça-feira. Apenas casos de emergência e urgência serão atendidos e todos os atendimentos eletivos, como são chamados os procedimentos com hora marcada, foram adiados.

A exceção mais importante é a Santa Casa de Curitiba. "Apoiamos o movimento, mas como assumi há pouco tempo, não participei das reuniões em que foi discutido o protesto", justifica o diretor do hospital, Carlos Roberto Seara. A Santa Casa manteve o que já estava marcado, mas já há algum tempo nenhum novo atendimento estava sendo agendado para hoje.

No interior, a adesão à paralisação deve ser quase total, segundo os representantes da Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Paraná (Femipa). O superintendente da Santa Casa de Londrina, Fahd Haddad, explica que, na região, apenas em Uraí o hospital continuará funcionando normalmente. Em Maringá, o representante regional da entidade, José Pereira, diz que todos os hospitais com os quais entrou em contato participarão do protesto. O mesmo quadro é esperado em Guarapuava e nas cidades próximas, conta o provedor do Hospital São Vicente de Paulo, em Pitanga, Edison Huber.

No entanto, em Londrina e região cada caso está sendo avaliado individualmente antes de avisar pacientes sobre os adiamentos. "Um paciente de câncer não pode ter sua sessão de tratamento cancelada, apesar de ser um atendimento eletivo", explica Haddad. Em Pitanga, ninguém será prejudicado, pois não havia nenhum atendimento marcado.

Em Campo Mourão, pelo contrário, os cancelamentos começaram muito antes do protesto de hoje. Por falta de recursos para comprar itens básicos como antibióticos, soro, luvas descartáveis e água destilada usada para diluir medicamentos, há um mês a Santa Casa da cidade vem cancelando cirurgias agendadas. As internações são feitas apenas em casos emergenciais e pacientes de outros municípios são atendidos somente quando as prefeituras enviam medicamentos, explica o presidente do hospital, Dilmar Daleffe.

A campanha nacional "SOS Santas Casas", da qual a paralisação é parte, reivindica a correção da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), que determina quanto cada hospital recebe por procedimento realizado. Em alguns casos, o repasse chega a representar menos de um terço do gasto que o estabelecimento tem. Por uma endoscopia, que custa R$ 79,22 para o hospital, o governo federal envia apenas R$ 14,41. Uma ultra-sonografia abdominal total consome R$ 137,17, mas o hospital recebe menos de um décimo desse valor: R$ 10,50. "Qualquer um que atenda pelo SUS passa dificuldade", resume Pereira.

Dos 83 hospitais filantrópicos e Santas Casas do Paraná, 63 são filiados à Femipa. Estes acumulam uma dívida de cerca de R$ 250 milhões e já tiveram de fechar 1.255 leitos desde 2000. Quando perguntados sobre que hospitais estariam em uma situação mais crítica, os representantes regionais da federação dão a mesma resposta: todos.

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