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A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio investiga a morte do mototaxista Thiago Guimarães Dingo, 24 anos, e de Jorge Lucas de Jesus Martins Paes, de 17, ocorrida no fim da tarde de quinta-feira (29). Eles foram mortos por engano, conforme indicam as investigações, por um sargento da Polícia Militar (PM), que confundiu o macaco hidráulico que Paes segurava com uma arma.

De acordo com o que foi apurado até agora pela Polícia Civil, por volta das 17h de quinta-feira, a Kombi de um amigo da dupla teve um problema mecânico. Esse rapaz ligou para Dingo, a quem pediu que levasse um macaco até o lugar em que a perua havia quebrado, na Pavuna (zona norte). Dingo chamou Paes para irem ao local de motocicleta.

Na garupa, Paes carregava o equipamento. Na Rua Doutor José Thomas, uma equipe de PMs do 41º Batalhão (Irajá, na norte) realizava uma blitz. Quando a moto se aproximou, o sargento confundiu o macaco com uma arma e disparou um tiro de fuzil. A bala atingiu Paes, transfixou seu corpo e feriu o amigo, que perdeu o controle da moto. A seguir, o veículo chocou-se com um muro. Os dois morreram na calçada. Logo após o episódio, moradores da Pavuna protestaram e um ônibus foi incendiado. Ninguém se feriu nem foi preso.

Em depoimento na 39ª Delegacia de Polícia (DP), na noite de quinta-feira, o sargento admitiu o erro. O caso passou à alçada da DH do Rio. Apesar da confissão, a polícia ainda investiga se a versão contada pelo sargento é verdadeira. A DH analisa imagens de câmeras da área onde ocorreu o crime. Quando o inquérito terminar, o policial militar deverá ser indiciado por homicídio doloso (intencional). A investigação ainda definirá se há circunstâncias qualificadoras ou atenuantes.

O comandante do batalhão do Irajá, coronel Marcos Netto, admitiu que o sargento errou ao atirar sem ter certeza da situação.

Nesta sexta-feira (30), à tarde, durante o enterro de Paes, no cemitério de Inhaúma, na zona norte, policiais militares que foram pedir desculpas à família chegaram a ser hostilizados. “Assassinos”, gritaram familiares da vítima.

“Um militar veio pedir desculpas em nome da equipe e eu falei: `Amigo, não me leve a mal, não, mas eu não vou aceitar a sua desculpa. Não vou aceitar. Ele vai voltar? A punição do seu amigo, qual vai ser? Vai ficar preso um, dois, três, quatro meses, mas e depois?’“, falou o pai de Dingo, Gilberto Lacerda.

“Uma pessoa que é orientada não tem como confundir. Isso aqui é um microfone, não é um revólver”, afirmou Rita Luziê, mãe do adolescente, referindo-se ao aparelho usado pelos jornalistas.

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