Sargento agredido diz ter oferecido corda

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Uma das supostas vítimas de tortura no 20.º Batalhão de Infantaria Blindada (20.º BIB) do Exército, em Curitiba, disse ontem que a ação, divulgada domingo pelo programa "Fantástico", não só foi uma brincadeira como ele mesmo teria oferecido a corda com a qual foi amarrado para os veteranos iniciarem a sessão de choques, afogamento e ameaças com ferro de passar. A afirmação é do sargento Murilo César de Oliveira, que, ao lado de Edvaldo Rodrigues da Silva, que também teria sido torturado, prestou depoimento ontem, no 5.º Batalhão Logístico (5.ºBLog), no bairro Pinheirinho, no segundo dia de audiência do inquérito policial militar (IPM).

Na quarta-feira, duas testemunhas e outro sargento já haviam sido ouvidos. Segundo o advogado de todos os sargentos envolvidos, João Ricardo Noronha, seus clientes reforçam que o fato foi uma brincadeira. "Os militares são treinados para ser combatentes. Algumas práticas militares são vistas pelos civis de forma distorcida", explica Noronha.

O comandante da 5.ª Região Militar/5.ª Divisão de Exército (5.ª RM/DE), Túlio Cherem, divulgou nota informando que o fato apresenta "desvios de comportamento inaceitáveis que contraria o Estatuto dos Militares. O Exército seguramente corrigirá a má conduta de uns poucos". De acordo com o porta-voz do Exército, major Carlos Augusto Sydrião, maiores informações sobre o IPM e os desdobramentos do inquérito a partir dos depoimentos serão divulgados apenas no final do processo.

Encontro

Três representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre eles o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, conselheiro Edísio Simões Souto, terão um encontro, hoje, às 14h30, com Cherem. Para o presidente em exercício da OAB, Aristóteles Atheniense, em nota, "a OAB não pode ficar indiferente às imagens uma vez que as vítimas das torturas são cidadãos que não podem ficar expostos ao tratamento desumano a que foram submetidas".