Clima agradável propicia visitas

O vento fresco amenizou a sensação de calor pelo sol forte e pode ter contribuído para a visitação das famílias aos seus entes queridos nos cemitérios. Segundo Luciana Viçoso, superintendente da Acesf, o clima agradável propicia as visitas. "De manhã, principalmente. À tarde as visitas diminuem um pouco, mas continuam grandes", avaliou. A Acesf registrou ainda movimentação intensa no dia anterior ao feriado. "As pessoas quiseram antecipar para não enfrentar a multidão. Mas hoje [ontem] é incrível. Na zona norte quase não dá para andar entre os túmulos", observou Luciana.

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Tios, avós e primos. A saudade dos que já partiram fez a jovem Márcia Tamires ir até o Cemitério Padre Anchieta, na zona leste de Londrina, visitar os parentes falecidos. Embora o último ente querido morto tenha morrido há um ano, a saudade ainda dói. "Não é fácil. A gente vem visitar, mas pensa que poderia rezar com a pessoa lá fora", lamentou. O Dia de Finados, nesta quarta-feira (2), foi de grande movimentação nos cemitérios da cidade. O tempo bom, dia fresco e com sol, e o feriado no meio da semana, ajudaram à visitação aos túmulos, cuja expectativa é receber mais de 200 mil pessoas durante todo o dia.

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O conforto para a dor da perda e da saudade, segundo o padre Gianni Calderaro, da paróquia Nossa Senhora de Fátima (zona leste), está na crença da vida eterna. "Neste mês de novembro lembramos a realidade última da nossa vida, que é a morte. Lembramo-nos dos fiéis defuntos não com tristeza, mas com esperança da vida futura", afirmou. O sacerdote celebrou missa no Cemitério Padre Anchieta, em frente ao túmulo dos padres da xaverianos. Todos os outros cemitérios também tiveram missas. "Sêneca dizia que não perdemos nossos entes queridos quando eles morrem, mas quando nós os esquecemos. É assim. A vida não é tirada, mas transformada", definiu.

Foi exatamente com este sentimento que o aposentado João Ângelo Serenato visitou o túmulo dos sogros, junto com a filha, Silvia Serenato, e a mulher, Sueli Serenato. "A gente sempre lembra deles, mas hoje é um dia especial. Não lembramos da morte, mas da vida, daquilo que a pessoa fez, de como ela era", afirmou o aposentado. Católicos, a família participou da missa como forma de rezar pela alma dos parentes. Com os pais enterrados em outra cidade, Serenato não pode viajar para visitar os túmulos.

Também porque não poderia visitar o túmulo dos parentes, enterrados nos cemitérios São Pedro e Jardim da Saudade, a dona de casa Sorli Quadros dos Santos foi com a filha até o Cemitério Padre Anchieta, mais perto de casa. "Não vai dar tempo de ir até lá", justificou. Por isso, logo pela manhã ela estava no espaço chamado cruzeiro, com o terço nas mãos, rezando e se lembrando dos entes queridos. "Rezo pelas almas do purgatório, para que, através das nossas orações, elas recebam a salvação. E também rezo pelos parentes", disse.

A superintendente da Administração de Cemitérios e Serviços Funerários (Acesf), Luciana Viçoso, confirmou a expectativa de receber mais de 200 mil pessoas durante o feriado. "Londrina já tem 150 mil pessoas falecidas. E, como cada falecido recebe várias visitas, então a gente acredita que essa expectativa pode até ser ultrapassada", revela. Segundo ela, nenhum incidente foi registrado. "As pessoas estão tirando as embalagens das flores e não podem entrar com as artificiais. Sempre tem alguém que insiste, mas a CMTU e a Guarda Municipal estão fazendo o trabalho [de orientação]", apontou.