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O médico Marcelo Maravieski, de Ponta Grossa, acredita que o programa do governo federal irá capacitar melhor os profissionais da saúde | Josué Teixeira
O médico Marcelo Maravieski, de Ponta Grossa, acredita que o programa do governo federal irá capacitar melhor os profissionais da saúde| Foto: Josué Teixeira

Seleção

Municípios irão escolher unidades a serem beneficiadas

As secretarias municipais estão recebendo treinamento neste mês, coordenado pelas regionais de saúde, para orientá-las sobre como proceder para fazer o cadastro. Segundo a coordenadora de Projetos da Secretaria Municipal de Ponta Grossa, Vivian Moraes, 18 das 39 equipes do PSF existentes na cidade serão incluídas no programa. "Vamos priorizar, inicialmente, as unidades que apresentam os melhores índices no tratamento das doenças para que elas possam ter mais recursos para realizar seus trabalhos", diz Vivian.

Como é necessário apresentar índices que atendam às expectativas e determinações do Ministério da Saúde, é recomendável que as prefeituras indiquem os estabelecimentos que se encontrem em melhores condições de tratamento. Em Castro, nos Campos Gerais, 9 das 17 equipes farão parte da iniciativa. "Vamos levantar como está o trabalho de todas as equipes para selecionar as que apresentam mais chance de receber recursos extras", diz a coordenadora do Núcleo de Saúde da Família da cidade, Carla Schemeta.

Aperfeiçoamento

Médicos veem necessidade de cursos de reciclagem

O médico Marcelo Maravieski, coordenador da unidade de saúde Eugênio Bocchi, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, acredita que com mais verbas para gerenciar as equipes do Programa Saúde da Família os profissionais terão mais condições de atender aos usuários do sistema público em todo o país. Além disso, ele aponta que o programa poderá trazer cursos de reciclagem aos profissionais da área.

"É muito importante termos cursos de reciclagem para médicos, agentes comunitários, dentistas e enfermeiros. Essa educação continuada é essencial para a prestação do bom serviço", afirma. Segundo ele, o último curso deste porte em Ponta Grossa ocorreu em março do ano passado e foi promovido pela Associação Médica do município.

Atualmente, a equipe que ele coordena atende uma região com aproximadamente 4 mil pessoas. Para poder prestar um atendimento considerado bom a esses moradores, Maravieski implantou a ‘blitz da saúde’. "Uma vez por semana, acompanho um agente comunitário e visito morador por morador para verificar como está a saúde da população. Acredito que é assim que o Saúde da Família deve atuar, perto da comunidade", ressalta.

Metade das 1.811 equipes do Programa Saúde da Família (PSF) do Paraná deve ter um acréscimo de 20% a 100% nos recursos recebidos da União a partir dos próximos seis meses. Mas terão de atender a critérios mínimos de qualidade para assegurar os novos valores. A iniciativa, nacional, deve atender 17.664 equipes em todo o país. O propósito será avaliar a qualidade dos serviços da saúde pública no Brasil por meio do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, que ficará disponível na internet e nas unidades básicas dos municípios.

Cabe a cada município selecionar as equipes que participarão do novo programa federal. O prazo para as prefeituras cadastrá-las termina dia 31. Cada município pode incluir no programa 50% de suas equipes. Neste ano serão destinados R$ 104 milhões para essa ação. A expectativa para 2012 é de que sejam aplicados R$ 900 mi­­lhões no programa, podendo, inclusive, abranger 100% das unidades de saúde do país. Nessa primeira fase, o Paraná pode receber até R$ 6 milhões.

Confirmado o ingresso no programa, o município recebe de imediato 20% a mais de recursos da União, um adicional de até R$ 1,7 mil por equipe a cada mês. A verificação in loco, a ser realizada por uma auditoria externa e cujos componentes poderão ser escolhidos por membros do serviço público e das universidades, determinará novos valores e tem de ocorrer seis meses após a adesão. Se o desempenho da equipe for considerado ótimo, o município poderá receber mensalmente até R$ 6,7 mil a mais por equipe, um acréscimo de 100% do valor original.

Já as unidades de saúde que não cumprirem os objetivos assinados com o governo federal e tenham resultado insatisfatório serão desligadas do programa por, no mínimo, dois anos. Após esse período, poderão participar novamente do processo de seleção. O objetivo é incentivar as unidades de saúde a aprimorarem o atendimento ao público. Serão avaliados o atendimento pré-natal, o acompanhamento de pessoas em situação crônica, redução do tempo de espera por consulta e adequada atenção à saúde do idoso.

"A medida irá valorizar o atendimento à atenção primária e vai verificar as melhorias de acesso ao usuário. Com mais recursos, a equipe será mais bem preparada e a população melhor atendida", diz a coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde, Elisete Ribeiro. Médico em uma unidade de saúde de Ponta Grossa, Marcelo Maravieski acredita que o programa do governo federal irá capacitar melhor os profissionais da saúde.

Para o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Gabriel Samaha, a medida é es­­sen­­cial para as prefeituras terem uma autoavaliação de como está o atendimento à população. "É uma forma de romper as barreiras e avaliar o nosso serviço de saúde pública e apontar onde melhorar. Dessa forma, podemos desmistificar que a atenção à saúde básica não é realizada de maneira eficiente", ressalta.

Para a professora da Univer­si­dade de Brasília (UnB) Helena Shi­mizu, especialista em Políticas Públicas e Gestão em Saúde, a estratégia de disponibilizar mais recursos para unidades que apresentem melhor qualidade no atendimento ao usuário vem ao encontro da necessidade de aprimorar o serviço no país. Segundo ela, é necessário mais verbas para as equipes terem melhores condições de trabalho. "Essa política pública é uma forma de o governo reverter a má qualidade da saúde pública no país. Há muitos problemas referentes à baixa resolução das doenças e até maus tratamentos."

Programa avaliará sete requisitos básicos

Na avaliação da qualidade de atendimento, serão analisados sete pontos: saúde da mulher e da criança, controle de diabetes e hipertensão, saúde bucal, proteção geral, saúde mental e controle de tuberculose e hanseníase. No primeiro momento, a avaliação será realizada pelos próprios gestores das unidades de saúde. Em um prazo máximo de seis meses, os responsáveis pelas equipes deverão solicitar avaliação externa. Caso não seja formalizada a solicitação, a unidade pode ser desligada do programa.

Após a avaliação externa, as equipes serão classificadas por desempenho. Caso o resultado seja considerado insatisfatório, a unidade será suspensa da iniciativa. Se o desempenho for regular, a equipe permanece recebendo 20% a mais nos recursos destinados pela União. Se a equipe obtiver desempenho bom, a verba será ampliada em 60%. Equipes que alcançarem desempenho ótimo terão acréscimo de 100% do montante enviado pelo governo federal.

No Paraná, segundo a coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde, Elisete Ribeiro, a avaliação externa será composta por membros da secretaria e de universidades. Ela explica que durante essa avaliação serão levados em conta diferentes aspectos, como o índice de mortalidade infantil, o acompanhamento de doenças crônicas e, inclusive, o tempo de espera para o usuário ser atendido.

"As unidades devem fazer um mapa da região que atendem e ter um controle sobre as doenças que incidem na localidade. Não é só a população que terá de ir até as unidades, mas os funcionários também devem estar em contato com os moradores. E quando se deve cumprir metas, a tendência é de que o serviço melhore como um todo", afirma Elisete.

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