Campo Mourão – O cenário desolador da comunidade de Fontoura, em Quarto Centenário, mais se parece com o sertão nordestino do que com o interior do Paraná. Por causa da falta de chuvas no município da região Centro-Oeste, os poços das residências secaram e as famílias que precisam de água para beber, fazer comida, lavar louça, roupa e tomar banho são obrigadas a andar com baldes por aproximadamente um quilômetro até um córrego, onde a água também é escassa.

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A agricultora Leonice Soares Amorim, 42 anos, reclama de dor nas costas por causa do peso dos galões de água de 20 litros que carrega na cabeça todos os dias. "Se não for assim não tem água nem para fazer a mamadeira das crianças", diz ela, que conta com a ajuda de um sobrinho de 5 anos para buscar o líquido. "Com esse calor insuportável, é muito cansativo descer duas vezes por dia para trazer um galão", reclama. Segundo ela, há mais de um mês a água do poço, que fica a poucos metros da residência, começou a diminuir e secou.

A falta de água nos poços, causada pela estiagem prolongada na região, assusta até mesmo quem viveu os piores momentos da seca no semi-árido nordestino. "Nunca ficou assim. Essa situação está muito parecida com a vida no sertão", comenta o cearense Aristides Francisco dos Santos, 65 anos, que também viu a água do poço desaparecer por causa da falta de chuvas e abastece a residência com a água de uma igreja da comunidade. "A nossa salvação é esse poço da igreja, mas também não sei quanto tempo vai agüentar". Ele conta que para matar a sede dos animais que tem na propriedade é obrigado a andar um quilômetro com baldes na cabeça. "Como a água da igreja já está quase no fim, para os animais tem de ser do córrego."

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A estiagem também prejudicou o agricultor João Antônio Zerski, que plantou seis alqueires de milho e não tem expectativa de fazer uma boa colheita. "Por falta da chuva no período certo, aqui não vai dar nada."

De acordo com a prefeitura de Quarto Centenário, um poço artesiano construído há dez anos, que estava inativo por causa do êxodo rural na comunidade, será reativado nos próximos dias. "Já estamos fazendo cotação de preços para instalar uma bomba elétrica para puxar água do poço artesiano até as residências", afirma o secretário geral, Alan Regis Palicer Cairos.