A Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em Paranaguá, viveu nesta quinta-feira (19) um dia de reivindicações. Os conhecidos problemas estruturais da instituição, que alunos e funcionários não acreditavam que pudessem piorar, impedem o início do ano letivo. Pelo calendário do governo estadual, as aulas deveriam ser retomadas no dia 19 de fevereiro. Mas, com carteiras quebradas, salas de aula sem piso e cheias de entulho e apenas um banheiro funcionando, a saída encontrada pelos estudantes e funcionários foi o protesto.
“Dá vontade de chorar”, diziam os líderes da ação ao apresentar a “situação calamitosa” em que se encontra a Unespar. “Nós nunca tivemos uma boa estrutura aqui, mas agora está insustentável”, explicou Mary Falcão, diretora do Centro de Ciências Humanas e secretária do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).
Situada no centro da cidade, o acesso a rua da Unespar foi bloqueado para automóveis como forma de garantir a segurança dos manifestantes durante o “carteiraço”. O ato, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), levou carteiras para o meio da rua, onde as reivindicações do movimento foram expostas. Além disso, faixas e cartazes espalhados pelas dependências da universidade pediam atenção e respeito com a educação pública.
A paralisação das obras afeta quase 2.000 alunos que frequentam a universidade diariamente, além de 100 professores e 30 funcionários. De acordo com o presidente do DCE, Alex Vizine, a verba que havia sido liberada para execução das obras foi retirada pelo governo do estado. O valor seria de R$ 600 mil, segundo Mary Falcão.
“Os alunos que retornariam hoje não poderiam entrar nas salas para ter aula em condições dignas, então a aula vai ser na rua para mostrar o verdadeiro retrato da Unespar”, disse Vizine.
As obras iniciaram em outubro de 2014 para que pudessem ficar prontas a tempo do ano letivo 2015, mas atrasos no pagamento da empreiteira fizeram com que os operários paralisassem as atividades. Além disso, a greve do funcionalismo público também interfere no calendário na instituição. “A aula deve começar em abril e olhe lá porque dependemos do governo saldar a bandeira de pautas da greve e o compromisso financeiro dessa demanda aqui (das obras)”, esclarece a diretora.
Matrículas não serão paralisadas
Apesar das poucas condições de trabalho, os funcionários da secretaria vão realizar as matrículas dos alunos selecionados no Sisu (Sistema de Seleção Unificada). “Nós já chegamos a um acordo e não queremos tirar o direito de ninguém. Os alunos do Sisu vão ter suas vagas garantidas na universidade”, afirma Mary.
O “aulão” tem como objetivo, também, esclarecer aos alunos selecionados pelo Sisu os motivos do protesto. Isso porque há calouros de outros estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo que chegaram à Paranaguá sem entender a onda de protestos que toma conta do estado.
Apoio
De longe, um coral cantava: “ôôô, a greve unificou. A greve unificou. A greve unificou”. Com as vozes cada vez mais altas, os professores da Unespar desceram as escadas junto com os alunos para verem a chegada dos funcionários das escolas estaduais. O ato de apoio à instituição “tem o intuito de mostrar que situação das salas de aula dos colégios estaduais não estão muito diferentes do que as apresentadas pelo Unespar”, avalia o presidente da APP Sindicato no litoral, Clayton Luiz da Rocha.
O apoio da APP Sindicato reforçou as discussões sobre o “pacotaço” proposto pelo Governo do Paraná. “Nós estamos aqui para não perdemos os direitos adquiridos em 40 anos de lutas”, finalizou o presidente.
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