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Rua alagada em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro: segundo os bombeiros, cidade tem a situação mais difícil entre os municípios atingidos pelo temporal de terça-feira | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Rua alagada em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro: segundo os bombeiros, cidade tem a situação mais difícil entre os municípios atingidos pelo temporal de terça-feira| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Governo do Paraná faz campanha para arrecadar donativos

Quem estiver no Paraná e quiser ajudar os desabrigados e desalojados, vítimas das enchentes que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro, pode procurar diversos locais. Em todo o estado, os postos da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros vão receber doações. A Cruz Vermelha e a Fundação de Ação Social (FAS), em Curitiba, também arrecadam donativos.

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  • Salvo pela marreta -O auxiliar de acabamento Jocimar Medeiros Pinheiro, de Nova Friburgo, diz que ele e o sogro estão vivos graças a uma marreta. Eles estavam em casa levantando os móveis para protegê-los da chuva quando perceberam que o nível da água havido subido demais. Pediram para vizinhos jogarem cordas, mas ninguém conseguia ajudá-los. Eles ficaram presos no segundo andar. Pegaram uma marreta e quebraram a parede. Pularam em direção ao telhado da casas vizinhas, num vão de um metro, e foi ali mesmo que passaram a noite
  • Local seguro e com ratos -Cerca de cem moradores do bairro Córrego Dantas, em Nova Friburgo, se refugiaram numa fábrica de carne seca desativada. O local está cheio de ratazanas.
  • A enfermaria e o restaurante -A casa da técnica em enfermagem Ariadne Moraes de Oliveira, 24 anos, foi transformada numa espécie de enfermaria. Na noite da tragédia, os vizinhos levaram os feridos para a casa dela. Ariadne, que trabalha em um hospital, tinha algum material em casa e cuidou de nove vítimas.

É difícil encontrar alguém na cidade de Nova Friburgo, de cerca de 200 mil habitantes, que tenha passado incólume às consequências da tragédia provocada pela chuva. A destruição e o caos estão em várias partes do município, do centro aos distritos mais retirados. Morros deslizaram, rios inundaram, pontes não existem mais e galerias pluviais estouraram por causa do temporal. Isso sem contar o drama silencioso das famílias que estão em áreas isoladas.

Cerca de 35% das residências continuam sem água e energia elétrica, segundo o secretário municipal de obras, Hélio Gonçalves Correa. O secretário sobrevoou a cidade e estima que os custos para recuperar o município ultrapassem R$ 2 bilhões. A avaliação dele sobre a situação da cidade dá uma noção do caos: "A coisa está muito pior do que se possa imaginar", disse ontem ele à Gazeta do Povo.

A chuva intensa que arrasou a cidade caiu na última terça-feira, além das novas pancadas dos últimos dias, fazem com que o trabalho de limpeza e recuperação tenha de ser refeito dia após dia em alguns pontos. A rua do bombeiro reformado José Sérgio Niedo, 70 anos, é uma das que continuam alagadas. A força da água e da terra foi tão intensa que vários carros estacionados na rua ficaram soterrados próximo à casa dele. Na outra ponta da vizinhança, um morro deslizou e atingiu o teleférico e uma igreja. "Vou embora da cidade. Quantos anos vai levar para reconstruí-la?", questiona o bombeiro reformado.

A localização da casa de José explica por que a situação de Nova Friburgo é apontada por bombeiros e policiais como a mais difícil entre os municípios atingidos. A residência dele fica próxima ao centro, uma das partes de Nova Friburgo mais castigadas pela chuva. Já nas cidades de Petrópolis e Teresópolis os danos foram pontuais em alguns bairros. No centro de Teresópolis, que fica na parte plana da cidade, restaurantes, supermercados e lojas funcionam normalmente. O turista desavisado só encontra os rastros da chuva dirigindo-se às localidades próximas aos morros – e o acesso muitas vezes tem de ser feito a pé.

Transtornos

O comércio de Nova Friburgo reabre as portas aos poucos. Nos supermercados, os moradores têm que fazer fila e a quantidade de mercadoria é limitada por cliente. Com o estoque de comida chegando ao fim, a dona de casa Clara Beatriz da Costa Cruz Martins, 53 anos, foi às compras. Enfrentou fila, mas conseguiu comprar o que precisava por um preço justo. "Os preços estão iguais aos de antes da tragédia nesse supermercado." Ela diz que ouviu relatos de que comerciantes estavam vendendo o galão de 20 litros de água por R$ 40. Normalmente é R$ 20.

No posto de combustível Vila Guarani, que foi reaberto no último sábado, o litro da gasolina sai por R$ 2,69 e o do álcool a R$ 2,05. O gerente, Paulo de Barros, garante que o preço do produto é o mesmo de antes da tragédia. Como o posto ficou dois dias fechados, motoristas formaram fila para abastecer. "Passamos esses dias com dificuldades, mas tinha sempre um pouco de gasolina", diz o médico Fernando Guimarães que enfrentou fila para abastecer. Para ele, a situação de Nova Friburgo vai começar a melhorar dentro de dois meses. Enquanto isso, a palavra de ordem no município é economizar nos mantimentos e produtos. E ter paciência.

Confira os locais mais atingidos pela tragédia:

Veja na galeria as fotos da tragédia:

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