São Paulo (AE) A derrubada da verticalização fará com que a eleição presidencial tenha mais candidatos, embora o caráter bipolar da disputa não mude. A briga continuará sendo entre PT e PSDB, mas a expectativa dos analistas é de que agora PMDB, PPS e PDT lancem candidatos próprios.
Na eleição de 2002, quando a verticalização vigorou, partidos menores preferiram não ter candidatos ou apoiaram candidatos de outro partido para ter mais liberdade nos estados, onde os acordos não seguem necessariamente a mesma lógica nacional.
O analista político Rogério Schmitt, da Tendências Consultoria, é contra a verticalização que cerceia a liberdade de escolha do eleitor. A partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das últimas três eleições presidenciais, Schmitt pondera que a disputa de 2002, quando a verticalização prevaleceu, teve a menor participação de partidos.
Em 2002, seis candidatos disputaram a última eleição presidencial, representando 16 partidos. Naquele ano, existiam 30 partidos no Brasil. Logo, a taxa de participação dos partidos na eleição foi de apenas 53,3%. Na disputa de 1998, foram doze candidatos a presidente, representando 19 partidos. O número total de partidos registrados naquele ano era igual a 30. Assim, a taxa de participação foi de 63,3%. Em 1994, oito candidatos disputaram, representando 16 partidos, de um total de 23. Logo, 69,6% dos partidos existentes à época envolveram-se diretamente na disputa.
Sem a verticalização, o analista político do Eurasia Group, Christopher Garman, acredita que crescem as chances de uma candidatura própria do PMDB. Para ele, o governador gaúcho Germano Rigotto é um nome mais forte do que o do ex-governador Anthony Garotinho que é visto como um "outsider" por parte do partido. Resta ainda a pressão dos governistas que ainda trabalham para indicar o vice de Lula.
Disputa
Para Schmitt, o certo é que a disputa será mais competitiva, o que praticamente elimina a possibilidade de uma definição no primeiro turno. A queda da verticalização permite que pequenos partidos, como PPS e PDT, tenham um candidato mais à esquerda de Lula, o que dispersaria ainda mais a votação.
"A realidade local prevaleceu", disse o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, ao comentar a derrubada da verticalização pela Câmara dos Deputados. Mesmo sem a perspectiva de alianças estaduais esdrúxulas, como uma chapa PT-PFL, o cientista pondera que acordos estaduais diferentes dos nacionais serão comuns.
"Nos municípios, ainda ocorrem acordos estranhos, numa perspectiva ideológica. Isso porque, no âmbito local é a liderança pessoal que vale", explicou Carvalho Teixeira. Já nas disputas estaduais, as estranhezas são menores.
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