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Francisco Beltrão e Pato Branco foram criadas no mesmo dia, 14 de dezembro de 1951. O território onde se encontram pertencia ao município de Clevelândia. A origem das duas cidades é o desbravamento de colonizadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Separadas por 50 quilômetros, têm economias parecidas, baseadas na avicultura e nas indústrias de confecções e de móveis, e população semelhante – perto de 70 mil habitantes. Igualam-se até no orgulho de ter tido cada uma, até agora, dois de seus filhos como ministros no governo federal. Tanta semelhança criou uma rivalidade que persistiu por cinco décadas, mas pode estar perto do fim. Pelo menos se depender dos prefeitos Vilmar Cordasso, de Beltrão, e Roberto Viganó, de Pato Branco. Amigos há 30 anos, eles dizem que é hora da união pelo desenvolvimento. Os dois participaram da quarta etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na última quinta-feira, em Foz do Iguaçu.

Francisco Beltrão

Gazeta do Povo – O Sudoeste do estado (os prefeitos reconhecem) ficou um passo atrás de outras regiões no desenvolvimento econômico. O que Francisco Beltrão está fazendo para diminuir essa distância?Vilmar Cordasso – Estamos trabalhando dentro das vocações locais. A avicultura, por exemplo, está crescendo muito. Os mesmos madeireiros responsáveis pela ocupação do Sudoeste hoje são fortes na fabricação de móveis. Estamos construindo barracões para a indústria metalmecânica e a indústria de confecções tem se mostrado bastante atraente para investimentos, pela oferta de mão-de-obra. O Sudoeste veio em peso a esse encontro em Foz do Iguaçu para mostrar que a região existe, tem futuro e precisa de atenção. Se disputarmos de igual para igual com a região metropolitana de Curitiba, por exemplo, não teremos chance. Precisamos de uma atenção especial. Poderíamos ter, digamos, a energia elétrica com preço diferenciado para implantação de indústrias no Sudoeste do Paraná. O Sudoeste gera energia e não tem nenhum benefício.

Enquanto essa ajuda especial não vem, o que a prefeitura está fazendo?Nós criamos quatro núcleos industriais, perto de onde moram os trabalhadores. Oferecemos espaço grátis a pequenos empreendedores, para que, em vez de investir em terreno e construção, possa usar esse dinheiro em equipamentos e capital de giro. Começamos em 2001 e temos 80 empresas, nas áreas de metalurgia, confecção, agroindústria e móveis. Essa iniciativa contribuiu para que a cidade criasse, nos últimos quatro anos, 5,5 mil postos de trabalho.

O município trabalha sozinho ou tem uma visão de esforço regional?Num raio de 100 quilômetros, Francisco Beltrão tem 50 municípios a seu redor. É uma questão de inteligência trabalhar para que todos esses municípios cresçam, porque nós seremos os grandes beneficiados. Lutar pelo desenvolvimento do Sudoeste é lutar pelo desenvolvimento de Beltrão.

O Fórum Futuro10 Paraná contribui para que esse objetivo seja alcançado?Contribui, e muito. Agora, será preciso ver se as propostas que estão sendo apresentadas terão a atenção que merecem.

Pato Branco

Gazeta do Povo – A rivalidade entre Pato Branco e Francisco Beltrão ainda existe ou já virou história?Roberto Viganó – Existe, mas está diminuindo. Nós temos que pensar, de maneira uniforme, nos 42 municípios do Sudoeste do Paraná, deixando de lado qualquer rivalidade. Trata-se de uma região que tem muito a somar no desenvolvimento do estado, com um potencial muito grande, por exemplo, na área do turismo, com nossos lagos, rios e hidrelétricas. Antes de pedir a ajuda que precisamos, porém, também temos que fazer nosso dever de casa.

E como esse dever de casa está sendo feito em Pato Branco?Na educação, por exemplo, implantamos o ensino de tempo integral nas escolas municipais dos bairros mais carentes. As crianças ficam na escola quase o dia todo, fazem suas refeições na escola. Hoje, temos quatro mil alunos nesse sistema. Além disso, estamos qualificando mão-de-obra, profissionalizando trabalhadores de todas as idades. Na indústria moveleira, por exemplo, tínhamos de buscar profissionais até em Santa Catarina, por falta de gente qualificada em Pato Branco. Agora, isso está mudando. E outra coisa: estamos valorizando as empresas locais, em vez de apenas ir buscar investimentos fora. Aquela empresa que hoje pertence ao filho de um pioneiro, de alguém que montou um negócio com muito trabalho e sacrifício, pode, com um simples telefonema, com um empurrãozinho, crescer e mostrar todo o seu potencial para o Paraná e para o Brasil.

Usando a metodologia de debates do fórum, que parte das potencialidades e conquistas, quais são as fortalezas de Pato Branco para alavancar seu futuro?Primeiro, um povo muito participativo e hospitaleiro. Além disso, temos uma excelente localização: estamos no centro do Sudoeste, no caminho do Mercosul. Temos grandes indústrias e um potencial agrícola muito bom.

Um encontro como este em Foz pode contribuir para o desenvolvimento da região?Certamente. Primeiro, porque ajuda a diminuir as divisões que sempre existiram. Temos que pensar em representatividade regional em não mais em nível de cidades. Temos que ser parceiros. O Sudoeste já fez história no passado, foi o maior produtor de feijão, de suínos, foi um grande pólo madeireiro. Está na hora de fazer história de novo.

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