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No 1º dia de julgamento, testemunhas foram ouvidas e processo lido | Cesar Machado / Vale Press
No 1º dia de julgamento, testemunhas foram ouvidas e processo lido| Foto: Cesar Machado / Vale Press

A sentença dos acusados de matar dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 16 de janeiro de 1997, em uma fazenda em Rio Bonito do Iguaçu, na Região Sudoeste do Paraná, deve ser anunciada hoje. O júri popular de Antoninho Valdecir Somensi, 57 anos, e Jorge Dobeski da Silva, 69 anos, começou na manhã de ontem, 13 anos depois do crime e após oito adiamentos do julgamento.

A equipe de jurados que vai decidir o caso é formada por quatro homens e três mulheres. No primeiro dia de julgamento, foram ouvidos os depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação, apresentada a reconstituição do caso e foi feita a leitura do processo. A expectativa é de que a decisão seja divulgada nesta quarta. O julgamento foi interrompido por volta das 21h30 de ontem e os trabalhos no fórum de Laranjeiras do Sul recomeçam às 8 horas de hoje, quando os acusados devem ser ouvidos.

Pelo menos cem pessoas – a maioria integrantes do MST – foram ao fórum para acompanhar o julgamento. José das Neves, pai de um adolescente morto na época, disse que espera o fim do caso, independente da condenação ou não. "Demorou muito. Não carecia isso. Sangue não tem preço, não queremos dinheiro, queremos o fim do latifúndio", afirmou. O advogado Fernando Prioste, da Terra de Direitos, diz que a demora em julgar os acusados diminui a possibilidade de condenação. Silva, um dos réus, completará 70 anos em janeiro, o que poderá facilitar a absolvição. "Justiça tardia, não é efetiva", afirma Prioste.

O crime

Os sem-terra Vanderlei das Neves, 16 anos, e José Alves dos Santos, 34 anos, foram mortos a tiros no acampamento Pinhal Ralo, na Fazenda Giacometi Marodin, atual Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu. Outros quatro integrantes do MST ficaram feridos no atentado enquanto aguardavam um trator que os levaria para os trabalhos do dia.

A área onde ocorreu o crime foi invadida por aproximadamente 3 mil famílias no dia 17 de abril de 1996, na maior ocupação de terras já realizada pelo MST no país. Atualmente, o local é um assentamento definitivo. Os dois sem-terra foram assassinados no mesmo dia em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, desapropriou parte da fazenda.

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